Desde 1992, a Universidade de São Paulo organiza e produz um grande evento artístico e cultural que apresenta o trabalho de estudantes da graduação, da pós-graduação e do ensino técnico da universidade. Como um festival de artes, o Nascente tem na sua programação um segmento dedicado às artes visuais, conhecido por Visualidade Nascente. Nos moldes de um salão de arte, ele é aberto a todos os estudantes da USP, recebendo anualmente centenas de inscrições de alunos e alunas das mais variadas faculdades e institutos. São autores de vídeos, fotografias, pinturas, esculturas, gravuras, objetos, desenhos, arte digital, performances, arte sonora, livros de artista.
Essa produção revela uma atividade criativa que corre paralela aos estudos e à formação técnica, humana e científica dos nossos estudantes, sejam do curso de ciências moleculares, enfermagem, química, saúde pública, direito, engenharia. Como na origem dos salões de arte, o Visualidade Nascente é uma exposição “aberta para todos os artistas, independente da origem de cada um ou de sua formação”; uma oportunidade que permite a um matemático, um astrônomo ou uma economista expor ao lado de uma artista. Trata-se, portanto, de espaço democrático, lugar de expressão. Como também de uma instância de visibilidade e de legitimação artística reservada aos estudantes de qualquer área do conhecimento, cuja produção circula fora do campo artístico, ou aos que estão iniciando suas caminhadas nessa área, e que justamente por não atuarem no campo das artes o acesso aos espaços de difusão artística são mais restritos.
Por isso mesmo o júri não se atém apenas aos critérios artísticos mais aceitos. Temos que olhar também para as narrativas, os devaneios, a expressão de luta por direitos e pela democracia. Neste ano, o retrato oferecido pelos trabalhos inscritos trouxe, em vários aspectos, a marca da trágica vivência da pandemia, dos questionamentos e confrontos existenciais, do embate político e emocional. Mas também vimos muitos exercícios de linguagem, de construção de uma visualidade tão consistente quanto uma operação de cálculo. Nos dias de hoje, a linguagem audiovisual tem servido para organizar uma experiência, para documentar o transitório ou aquilo que vive à sombra dos fatos gritantes do momento. A arte é também um espaço de subjetividade, de espiritualidade, de afirmação do sujeito, de leitura dos objetos, de reverência a uma tradição. Um espaço de sensibilidade.
Nossa vontade seria poder mostrar tudo o que chegou até nós: as gravuras ricamente emolduradas e as pinturas feitas sobre um pedaço de tábua. Vídeos sobre cartas apagadas e conversas ao telefone. A questão é a dimensão do espaço que temos para a exposição. Como todo esse panorama visual não caberia em uma só sala, tivemos que ajustar de forma mais rigorosa os critérios que também valem na academia: concisão no uso da linguagem, economia material, força expressiva, fôlego ao tratar de um tema, o uso dos materiais, ousadia em lançar mão de uma ferramenta ou aparelho para produzir algo não previsto no programa do dispositivo, inventividade, força temática, beleza, crítica aos padrões de beleza, crítica ao presente e ao passado.
Os critérios de premiação? Bem, no futuro poderíamos criar também um prêmio do público, mas isso não reduziria nosso desafio de escolher os Dois Mais. Aqueles que levam os prêmios do ano. Esse processo de escolha é sempre dramático para o júri.
Comissão Julgadora da Categoria de Artes Visuais
FINALISTAS E PREMIADOS
ÁLBUM DA CONTEMPLAÇÃO À PRÁTICA
Laila Terra
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Mestrado em Poéticas Visuais
Gravura
Álbum da contemplação à prática: Único Álbum composto por 16 pranchas em xilogravura. 50 x 50 cm (cada).
O álbum de gravuras exibe de forma clara essas relações entre as práticas concretas e práticas abstratas diante dos hábitos prolongados. Ele é um conjunto intenso de trabalho empreendido com 16 xilogravuras, sendo cada uma com aproximadamente 10 impressões. Para Sennet, repetir possibilita a autocrítica, permite modular a prática de dentro para fora.
PONTA DE COBRA CROSTRA DE CARNE; FÉTIDA; SÓRDIDA E INSOSSA; PELE; MANTO DE PASSAGEM; NOVO MUNDO TROPICAL
Emerson Godoi Freire
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Escultura, Pintura
Ponta de cobra crosta de carne (2021): fibra de vicro, resina, espuma expandida, sal, pintura aerográfica; 65x135x48cm.
Sórdida e insossa (2021): fibra de vidro, resina, sal, argila, pintura aerográfica; 100x130x105cm.
Fétida (2021): fibra de vidro, resina, espuma expandida, silicone, sal, pintura aerográfica; 200x55x40cm.
Manto de passagem (2020): colagem de película de tinta acrílica descamada, látex; 215x200cm.
Novo mundo tropical (2020): tinta esmalte e acrílica desmacada de uma superfície metálica; 230x100cm.
Pele (2020): colagem de película de tinta acrílica descamada; 200x100cm.
A primeira série de 3 esculturas construídas fisicamente em fibra de vidro, espuma expandida, Sal, cabelo humano e pintadas com a técnica de aerografia, todas as esculturas possuem uma dimensão humana de escala. A segunda série de 3 pinturas em que a tinta é o principal material e suporte da pintura. Ao ser arrancada de uma superfície antiaderente se torna uma membrana de camadas de tinta acumulada. Sendo assim películas de tintas sobrepostas, rasgadas e realocadas, compondo a composição e suporte da pintura.
GENTE QUE LUTA
Júlia Mendonça Nagle
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Publicidade e Propaganda
Fotografia
Série Gente que Luta:
Larissa (17) sendo detida (2020): impressão em jato de tinta sobre papel de algodão; 60 x 40 cm.
Bianca (15) (2020): impressão em jato de tinta sobre papel de algodão; 60 x 40 cm.
Ativista durante repressão (2020): impressão em jato de tinta sobre papel de algodão; 53 x 40 cm.
Ativistas se reúnem na concentração do ato (2020): impressão em jato de tinta sobre papel de algodão; 59 x 40 cm.
Carrefour em chamas durante protesto (2020): impressão em jato de tinta sobre papel de algodão; 59 x 40 cm.
Descrição da série: Gente que Luta. Série de fotografias capturadas em protestos na cidade de São Paulo e dispostas em ordem cronológica. As obras se referem aos atos: Passe Livre Já, janeiro de 2020 (fotografias 1 e 2); Vidas Negras Importam, maio (fotografia 3) e junho de 2020 (fotografia 4); Justiça por João Alberto, novembro de 2020 (fotografia 5).
Mais do que escancarar a realidade da violência policial no Brasil e suas vítimas, essa série de fotografias de protestos, capturadas durante todo o ano de 2020, retrata a potência de ativistas que combatem nas ruas a impunidade da opressão policial e institucional, e propõe uma reflexão sobre a importância da fotografia como ferramenta para denunciar a violência e humanizar aqueles que sofrem com ela. Com a criminalização de movimentos sociais, é cada vez mais necessário mostrar que o ativismo é composto por gente. Gente que chora, que teme, que grita. Gente que luta.
TRÊS AMIGOS; MÁSCARAS
Gabriel Ussami Gomez
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Pintura
Três amigos (2020): tríptico de três pinturas em tinta acrílica sobre cartaz apropriado; 175 x 360cm.
O tríptico “Três amigos” é uma pintura feita em tinta acrílica, a partir de três módulos. Cada módulo – respectivamente – tem como suporte cartazes apropriados de pontos de ônibus, destinados à publicidade de grandes empresas. A destinação dos totens, onde estes cartazes são expostos, são voltados ao interesse privado e à imagem enquanto mercadoria, indo de contramão ao interesse público como, por exemplo, aproveitar o espaço para divulgação das linhas de ônibus que atendem àquele ponto em específico.
A imagem de referência é apropriada de uma fotografia de jornal de uma manifestação política, entre 2013 e 2014. Por meio da pintura, em tons de preto e cinza escuro, quer-se tornar a imagem pouco nítida e, com isso, responder – e materializar – formalmente o mecanismo que a publicidade opera neste sentido: de achatamento de experiências, e do velamento e decoração de processos históricos, econômicos e sociais por trás da acumulação e produção em massa.
Série “Máscaras”:
Sonhos (2020): tinta Acrílica, óleo e pastel sobre tela s/ chassi; 130 x 236cm.
A queda (2021): tinta Acrílica, óleo e pastel sobre tela s/ chassi; 130 x 236cm.
Estou me guardando para quando o carnaval chegar (2021): tinta Acrílica, óleo e pastel sobre tela s/ chassi; 130 x 236cm.
“Máscaras” parte de experiências pessoais dos últimos anos no Brasil, de intensas movimentações políticas e sociais. Particularmente, nos últimos dois anos, com o achatamento da vida e com a corrosão institucional em curso tanto pela pandemia de COVID-19 quanto no governo de Jair Bolsonaro (que se complementam), “Máscaras” se propõe a narrar, por meio de imagens apropriadas, as experiências destes últimos anos. As imagens referências das pinturas são cenas apropriadas de filmes que vão e voltam, enquanto imagens, neste período, como fantasmas. Deste modo, “Sonhos” responde à vida que já não mais existe; “A queda” responde ao momento presente, de corrosão democrática e achatamento da vida em meio a tudo isso; e “Estou me guardando para quando o carnaval chegar” responde a uma promessa de ação política quando o momento se fazer presente.
ANTES QUE SE VÁ; IMEDIATAMENTE ANTES; PRESSENTIMENTO
Gabriela Gregolin Giannotti
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Desenho
Antes que se vá (2020): pastel seco e carvão sobre papel, tríptico; 96 x 198 cm (96 x 66 cm cada).
Imediatamente antes (2020): pastel seco e carvão sobre papel, tríptico; 96 x 198 cm (96 x 66 cm cada).
Pressentimento (2020): pastel seco e carvão sobre papel, políptico; 87 x 217,5 cm (43,5 x 43,5 cm cada).
As obras consistem em dois trípticos e um políptico de desenhos realizados a pastel seco e carvão sobre papel.
UMA RUÍNA PAULISTA: O GRITO DO GUARDA-CHUVA ; UMA RUÍNA PAULISTA: A CRIANÇA DAS BANDEIRAS
Erica Ferrari
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) | Doutorado em Arquitetura: Projeto, Espaço e Cultura
Objeto
Uma ruína paulista: o grito do guarda-chuva / Uma ruína paulista: a criança das bandeiras (2020): compensado naval usado, madeira, tecido, cimento, gesso, entulho, parafina e letras de metal; 100x81cm.
A visita ao museu paulista talvez tenha sido a primeira vez que fui para a ‘cidade’. Morando na ZN, ‘cidade’ era tudo que estava após o rio: onde existiam edificações e fluxos de pessoas para além da relação de moradia. Acho que para boa parte de quem cresceu e viveu em SP nos anos 80, a excursão ao museu foi algo primordial para a formação de um lastro simbólico sobre essa ‘cidade.
Lembro de todos precisarem tirar os sapatos para subir as escadarias e de pensar que o único lugar que havia estado antes que me lembrava essa experiência era na igreja do bairro. Qual era essa simbologia cívica que nos era passada? Dos heróis do desbravamento e da independência, das batalhas pela conquista da terra, da suposta história de uma origem de vencedores.
Ao visitar o museu novamente mais de 30 anos depois, a experiência foi oposta: o prédio apresentava todos seus vazios e avessos com a retirada de seu acervo para o processo de restauração e expansão. Também me senti assim, olhando os símbolos de glória restantes como ruínas destituídas de qualquer tempo histórico que faça sentido no agora, buracos profundos que engolem a ilusão sobre quem nunca fui.
Essa série de trabalhos é sobre isso – uma ruína paulista.
4LG0R1TM0
Mayara Bandeira Macedo
Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) | Arquitetura e Urbanismo
Net Art
4lg0r1tm0 (2021): net art, composição de imagens em rede social dimensões, 1080x1080pxl.
As redes sociais, hoje, são a principal forma de comunicação e trazem a imagem como foco dessas novas mídias que permeiam de forma sutil o dia-a-dia produzindo e reproduzindo a realidade através de fotografias mobile. Assim, o Instagram se torna o principal veículo de apresentação do seu corpo, e é nesse cenário que a obra 4lg0r1tmo procura induzir o pensamento acerca das dinâmicas dos copos na rede, por meio de fotografias -produzidas por smartphones- postadas em perfis genéricos, que ao serem explorados se conectam a outros em uma grande rede, estabelecendo códigos com base nas formas que o corpo ocupa o espaço offline, refletindo sobre as redes sociais e as novas estéticas que induzem a forma que nos portamos no espaço real, abrindo o leque de perguntas. Qual código meu corpo produz? Qual norma ele se aproxima? Como ele se insere no espaço que já foi real, mas que agora, se traduz apenas em jogos numéricos? O que induz que me porte, desta ou de outra forma?
PEÇA CHAMADA
Júlia Rocha
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Pós-graduação em Poéticas Visuais
Performance
“peça chamada” acontece numa ligação individual de áudio, por Whatsapp.
Foi concebida e realizada durante a crise sanitária e distanciamento social como um modo de atualizar a presença a partir da voz. “peça chamada” subverte o uso do meio de comunicação telefone/smartphone, para produzir uma experiência de deslocamento estético.
As ligações são feitas por diferentes performers nos mesmos períodos e dias da semana criando uma zona de simultaneidade. Ainda que o público não tenha essa dimensão, afirmamos a força de um acontecimento comum invisível.
Para receber a peça, os interessados mandam um e-mail para (pecachamada@gmail.com) por onde escolhem entre duas peças com durações diferentes (15 minutos e 1 minuto); o dia da semana e o período (manhã/tarde/noite) que preferem receber a ligação. O horário exato não é pré-agendado, porque a peça pretende surpreender e interromper o cotidiano do interlocutor.
A pesquisa se desdobra no modo de falar as palavras como matéria. Ao mesmo tempo que produz um espaço para o encontro, tensiona os significados do texto. O nosso meio de comunicação usual, a língua, se apresenta também como experiência sonora.
Até a presente data, foram feitas aproximadamente 300 chamadas.
COSPE SANGUE
Maria Fernanda Miguel Colus
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Fotografia
Cospe Sangue (2021): Boneco de livro de fotografia encadernado manualmente e impresso a jato de tinta em baixa tiragem; 24,5cm x 19cm (fechado), e 51cm x 19cm (aberto).
SEM TÍTULO; VOÔ; BRA-2020; MIRÍADES; BANHO
Aruã Ciurcio
Escola de Arte Dramática (EAD) | Curso Técnico de Formação de Atores
Pintura
Sem título (2021): acrílica e PVA sobre papelão; 30 x 40 cm.
VOÔ (2021): acrílica e PVA sobre folha de papel 240g/m² texturizada; A4 (210 x 297 mm).
BRA-2020 (2021): acrílica e óleo sobre tela; 40 x 50 cm.
Miríades (2021): acrílica e PVA sobre tela; 30 x 40 cm.
BANHO (2021): acrílica sobre madeira reaproveitada; 25 x 120 cm.
SEM TÍTULO #1; PARALELOS E MERIDIANOS; SEM TÍTULO #2; SEM TÍTULO #3; SEM TÍTULO #4
Aline Moreno de Oliveira
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Mestrado em Poéticas Visuais
Desenho, Fotografia, Objeto
SEM TÍTULO (2021): Madeira e gesso 21,5 x 39,6 x 6,5cm.
PARALELOS E MERIDIANOS (2020): lápis grafite sobre papel e impressão fotográfica 56 x 65cm.
SEM TÍTULO (2021): Madeira e gesso 32 x 32 x 7cm.
SEM TÍTULO (2019): Madeira e cimento 11,5 x 30 x 8cm.
SEM TÍTULO (2019): Madeira, pedra e cimento 35 x 6 x 6cm.
PACTO
Paulo Victor Fernandes de Barcellos Moreira Delgado
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Mestrado em Artes Visuais
Pintura
Pacto (2021): Políptico com 27 pinturas Guache sobre papel 14,8 x 20 cm (cada).
Políptico com 27 pinturas em guache sobre papel (14,8 x 20 cm/cada). Na obra “Pacto”, através da reorganização das etapas de feitura da bandeira nacional presentes no texto legislativo (5.700/71), recombinam-se os processos de elaboração, respeitando proporções entre as partes, a fim de deslocar o ponto de referência entre os componentes do símbolo. A tarefa de esgotar as possibilidades de combinações é atravessada pelo uso das cores originais, acentuando as deformações resultantes da manipulação do pacto. Ao propor novas relações formais, tensionam-se os acordos que estruturam o reconhecimento deste símbolo nacional, provocando debate sobre nossa relação com o imaginário simbólico brasileiro (mas não somente), entre outras reflexões.
I Mirar ; II Procurar
Clara Luz de Castro Brandão
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Pintura
I Mirar (2021): tinta látex acrílica s/ algodão cru, 60cm x 105cm.
Pintura clara de paisagem.
II Procurar (2021): tinta látex acrílica s/ algodão cru, 40cm x 60cm.
Pintura escura de paisagem. As 02 obras constituem juntas uma série.
ASCENÇÃO; GATO ANDALUZ; TARDE DE MISTÉRIO ; CRÍTICA DA RAZÃO EMBRIAGADA; PENSADOR EM PLENA CINELÂNDIA
Maria Luiza Lima Seabra
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) | Filosofia
Desenho
Ascensão (2020): Nankin sobre papel; 12,5 x 22cm.
Gato andaluz (2021): Nankin e guache sobre papel; 12,5 x 22cm.
Tarde de mistério (2020): Nankin e guache sobre papel; 12,5 x 22cm.
Crítica da razão embriagada (2020): Nankin sobre papel; 21x21cm.
Pensador em plena cinelândia (2021): Nankin sobre papel e desenho digital; 23.7 x 24.6 cm.
Trata-se de uma série de desenhos compostos a partir de um esforço de compreender a técnica de nanquim e do desenho com linhas. “Ascensão” foi inspirado nas nuvens de Doré e tenta expressar um momento ambíguo entre a ascensão e a queda. “Gato andaluz” foi composto a partir de um estudo dos padrões de azulejos de uma casa de banho; “tarde de mistério” e “Crítica da razão embriagada” são desenhos de observação. “Pensador em plena cinelândia” foi um desenho feito em nanquim sobre papel e depois trabalhado digitalmente. É inspirado em um poema de meu pai e em sua admiração pela Melancolia de Dürer.
DUPLO
Ottavia Delfanti
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Vídeo
Duplo (2021): vídeo, 3 minutos.
Um lampejo multiplica a ausência na casa
ENSAIO SOBRE A ANARQUIA
Cíntia Eto
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) | Letras
Fotografia
Ensaio sobre a Anarquia é uma narrativa visual de um processo de plantio para consumo alimentar, observação de espécies de flora e fauna, criação de insumos para o fazer artístico e para a reflexão.
ABRE A BOCA E FECHA OS OLHOS
Marina Ceglie da Silva
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Artes Visuais
Vídeo
Abre a boca e feche os olhos (2021): vídeo, 42 segundos.
Abre a boca e feche os olhos é um vídeo de 42 segundos em que mastigo um soldadinho de plástico. A frase-título remete a um jogo de sentidos, de mostrar ou saborear, ao mesmo tempo que algo também é escondido.
2020
Tuca Vieira
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) | Arquitetura e Urbanismo
Fotografia
Rua da Quitanda (2020): impressão jato de tinta, 80x80cm.
Rua José Paulino (2020): impressão jato de tinta; 80x80cm.
Rua Direita (2020): impressão jato de tinta; 80x80cm.
Viaduto Santa Ifigênia (2020): impressão jato de tinta; 80x80cm.
Esta série propõe uma representação da cidade de São Paulo em tempo de exceção. Nesses dias de confinamento, a cidade se apresenta de uma forma nunca antes vista, tanto pela ausência das pessoas, quanto pelas condições inéditas de qualidade do ar, poluição sonora e luz outonal. Tem sido possível reparar na estrutura urbana com um grau de atenção impossível num dia comum, cheio de estímulos e distrações. Até as cores da cidade se apresentam de outra forma. Portanto, mais do que pela pandemia na cidade, esta série se interessou pela cidade na pandemia, procurando registrar um momento histórico. Seu aspecto dormente pode ser entendido como um dramático testemunho desse período em que estamos todos repensando nosso papel na sociedade e no mundo. No entanto, nessas imagens, mesmo que a cidade se apresente aparentemente nua, algo mais profundo se esconde. São Paulo, a maior cidade do país, notoriamente conhecida pelos grandes fluxos de pessoas e veículos, nesse momento se mostra desprovida de vida. Acredito na personalidade, no caráter e da índole das cidades, como elas também se fossem pessoas. Nesse sentido, São Paulo anda muito triste e fragilizada, pois seus profundos problemas sociais a impedem de ter a tranquilidade necessária para a reflexão que outras cidades do mundo vêm fazendo. Nessa grande metrópole brasileira, o futuro nunca foi tão incerto e temerário. O horizonte é de um grande período de problemas econômicos, sociais e políticos. Apesar da beleza desse outono, com suas luzes douradas pela tarde, há uma falsa calmaria no ar, um silêncio insuportável, que pode significar tanto a expectativa de uma grande libertação quanto uma tragédia ainda maior.
NÃO-POSTAIS: REGISTROS COLECIONÁVEIS
Bruno Makia
Escola de Comunicações e Artes (ECA) | Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Poéticas Visuais
Fotografia
Não-Postais: Registros Colecionáveis (2019): Fine Art jato de tinta sobre papel Hahnemühle William Turner 100% algodão; cada foto adesivada sobre placa de poliestireno de 2mm para melhor conservação; 20 x 30 cm com borda de 2,5 cm (impressão); 25x35cm (total com bordas).
Série de fotografias exibindo a superposição entre locais reais e ilustrações que as completam.
TOPOFOBIA
Vinicius Santos Almeida
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) | Geografia
Vídeo
Topofobia (2021): vídeo, 8 minutos.
A obra está vinculada à minha pesquisa de mestrado, onde discuti possibilidades metodológicas para o uso da cartografia a partir de uma perspectiva queer na geografia, sendo o objeto de estudo a violência a partir de dados de boletins de ocorrência da polícia (DECRADI / SSP-SP). “Topofobia” é um trabalho artístico elaborado em 2021 a partir do mesmo banco de dados de boletins de ocorrência e após reflexões sobre as geografias invisíveis, que os dados quantitativos não conseguem representar. Inspirei-me na noção de topofobia como foi discutida pelo geógrafo Yi-Fu Tuan nos anos 1970, e por Paul B. Preciado mais recentemente. Mais do medo a certos lugares, a topofobia caracteriza relações espaciais complexas a partir das quais são construídos significados espaciais de aversão, repulsa e não pertencimento. Com um enfoque no espaço público, a obra é uma reflexão sobre como viver uma cidade que acolhe e expulsa ao mesmo tempo. A topofobia parece ser um constituinte das nossas espacialidades. Corpo-território – que é corpo-mapa – que tem capital (cultural, econômico e espacial) – que é mapeado – que mapeia – que é expulso (ou foge) do espaço estando no espaço, porque estar no espaço é, paradoxalmente, uma violência e uma condição de existência.
SEM TÍTULO
Vinícius dos Santos Neves
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) | Têxtil e Moda
Vídeo
Sem título (2021): vídeo, 6 minutos.
A obra trata-se de um Fashion Video em finalização que mescla visuais repletos de belezas naturais, com moda, símbolos/crendices nordestinas, utilizando-se de uma ambientação agoniante e recheada de suspense.
Confira algumas fotos da exposição Visualidade Nascente 2021 no Centro Universitário Maria Antônia:
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O JÚRI
Dália Rosenthal
Dália Rosenthal é artista visual, pesquisadora, educadora e docente do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Como pesquisadora e docente desenvolve estudos sobre plástica social com ênfase nas relações entre, arte, educação e práticas colaborativas para formação e criação em arte. É Mestre e Doutora em Artes Visuais (UNICAMP) com a dissertação “O Elemento Material na obra de Joseph Beuys” e a tese “Do interno no tempo”.
Fabrícia Jordão
Curadora, pesquisadora e professora. Doutora e Mestre em Artes pela ECA/USP. Em 2019 recebeu o prêmio de melhor tese da CAPES (Artes). Como professora de curadoria na UFPR, atua na intersecção entre curadoria/decolonialidade e coordena o Laboratório de Imaginário Radical DeArtes/UFPR).
Mario Ramiro
Mario Ramiro é artista multimídia, ex-integrante do grupo de intervenções urbanas 3NÓS3. Sua produção reúne intervenções urbanas, redes telecomunicativas, esculturas, instalações, fotografia e arte sonora. É mestre em fotografia e novas mídias pela Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia, na Alemanha, e doutor em artes visuais pela Universidade de São Paulo, onde trabalha como professor da Escola de Comunicações e Artes.