
Na área de artes cênicas do projeto Nascente foram inscritos, neste ano de 2019, nove trabalhos concorrendo em diferentes categorias: direção, interpretação individual e interpretação de grupo. As características preponderantes desses trabalhos foram a criatividade, a diversidade de linguagens e a sensibilidade de abordar temáticas relevantes na sociedade e na universidade nos dias de hoje.
Selecionamos quatro obras finalistas, sendo duas delas concorrendo como direção: “Terra Tu Pátria” e “A Última Gaivota”, e outras duas finalistas como interpretação individual: “Antigonas – Mulheres do Não” e “El General”.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Mestrado em Artes Cênicas
Subcategoria: Interpretação individual
Duração: 50 minutos
Quem vem é El General, um soldado perdido, dos tempos de Philip Astley, quando esse capitão transformou seu exército em circo. A história conta que quando esse exército não tinha contra o que lutar, já que a guerra havia terminado, juntou-se com os artistas de rua da época, os saltimbancos, e deram início a história do circo que conhecemos hoje. Temos então um soldado que quer ser palhaço, esforça-se para o show, e entra em grande apuros por conta disso. Risos e imprevistos fazem parte do show, que traz o público para transformar cada apresentação. Onde o impossível se fará possível, e o possível se fará ver.
Esse trabalho já esteve em países como: França, Espanha, Grécia, Portugal, Argentina, Peru. Além de ter percorrido os estados do Acre, Paraíba, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Em 2014 é contemplado com uma circulação através do projeto “Exército Contra Nada avança por Londrina” no PROMIC – Lei de Incentivo a Cultura de Londrina.
Vale dizer que El General nasce como demonstração prática do Trabalho de Conclusão de Curso de Rafael de Barros, na Universidade Estadual de Londrina, nas Artes Cênicas. Apresentado pela primeira vez em 2011, é um dos motivos pelo qual desenvolve sua pesquisa de Mestrado.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Direção
Duração: 72 minutos
Terra Tu Pátria é um espetáculo que nasceu do desafio de dialogar – através da cena – com a atual situação política do país. O espetáculo se debruça sobre eventos recentes que tiveram curso no universo político-institucional brasileiro, e optou por fazer isso de forma direta: as cenas foram construídas a partir de documentos desses eventos, como o mapa do percurso da vereadora Marielle Franco, antes de chegar ao local em que foi assassinada, em março de 2018, ou o discurso da vitória de Jair Bolsonaro no último pleito presidencial.
A partir da seleção de seis documentos, o espetáculo propõe uma abertura de diálogo sobre acontecimentos que são de extrema relevância nacional, e que tem a ver com os rumos políticos que assolam o país. Em cena, cinco atores desafiam seus corpos ao manipularem, individual ou coletivamente, dispositivos cênicos específicos para cada documento. Diante do atual cenário político brasileiro, que só conseguimos experimentar com estupor e paralisia, a peça se propõe a reconstituir os fragmentos do percurso para tentar entender o meio no qual estamos imersos.
Terra Tu Pátria estreou na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em Novembro de 2018. Apresentou-se também no Itaú Cultural, em Janeiro de 2019, como parte da convocatória A Ponte, e no Teatro de Contêiner, em Maio do mesmo ano. No período de Agosto/Setembro de 2019, o espetáculo ficará em cartaz no TUSP, como parte da ocupação conjunta No calor da hora.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Interpretação individual
Duração: 39 minutos
ANTIgonas – Mulheres do NÃO é uma experiência solo de Maria Fernanda Machado fomentado pelo grupo de pesquisa Processos e Criadores, orientado pela professora doutora Alice Kiyomi Yagyu. A pesquisa surgiu da vontade de estudar os métodos de construção de personagem de Jurij Alschitz, e logo caminhou para a construção de um monólogo autoral da personagem Antígona. É a partir da investigação dos temas presentes na heroína grega que surge o encontro do mito de Antígona com as trajetórias de mulheres negras que levantam-se contra imposições e violências. Entre a recusa e o luto, Antígona expande-se dando lugar as insurgências de mulheres negras e sua relação latente com a morte.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Direção
Duração: 46 minutos
O que será do teatro neste intenso processo de desmonte da cultura? É possível pensar em uma arte que não passe pela idealização ou pela mercadoria? Qual é o lugar da juventude, hoje, na luta pela sobrevivência? E se estamos falando de teatro, que tipo de sobrevivência é essa que não habita somente a vida ordinária?
Em A Última Gaivota, Costa, um jovem diretor, e Karina, uma jovem atriz, montam um espetáculo às pressas para tentar salvar um teatro prestes a ser desapropriado. A partir de A Gaivota, de Anton Tchekhov, eles ensaiam uma distopia para tratar de questões relacionadas a arte, mercadoria e capital. Enquanto isso, seus destinos se aproximam ao das personagens do escritor russo de forma inevitável.
A Última Gaivota é resultado de um projeto de Caio Horowicz para a disciplina de Direção III do curso de Artes Cênicas da USP, sob orientação de Antônio Araújo, Cibele Forjaz e Lucienne Guedes. Desde agosto de 2018, artistas do CAC/USP, da EAD/USP e do CAP/USP se reúnem para a realização do projeto, que tem o processo colaborativo como premissa de criação.