
“A palavra diversidade é certamente uma das que melhor podem ser usadas para definir o conjunto de trabalhos inscritos na categoria Design da edição 2018 do prêmio Nascente USP. Entre os 17 trabalhos que foram avaliados, havia projetos das mais distintas áreas do design – editorial, mobiliário, web, identidade visual, sinalização, produto etc. –, o que trouxe à Comissão Avaliadora uma profunda satisfação e ao mesmo tempo um grande desafio. Como definir critérios para julgar projetos de naturezas e objetivos tão diferentes?
Para dar conta da empreitada, acabamos considerando três aspectos principais: o nível de complexidade do projeto; a densidade da pesquisa e do processo; e a qualidade técnica e estética da solução e do resultado final. Foi assim, depois de muitas discussões, sem jamais desmerecer os demais projetos, que pudemos chegar aos quatro trabalhos finalistas – todos eles de excelência incontestável, cada qual à sua maneira sinalizando os promissores rumos que deve tomar e as complexas questões que deve tocar o design nos próximos tempos.
Se a seleção de duas revistas atesta a preponderância do visual, a prevalência da materialidade e a relevância da adequação entre forma, função e conteúdo, o projeto de uma nova proposta de cadeira ginecológica demonstra o quanto o design se revela urgente e transformador diante de um mundo ainda cheio de problemas básicos. Isso sem falar no projeto de exposição, que, sem qualquer aparato tecnológico, contando apenas com o que há de mais essencial no design, organiza e dá visualidade a determinados conteúdos, fazendo suscitar em pleno ambiente físico uma discussão polêmica, complexa e necessária.
Os tempos são outros, os contextos se alteram, as possibilidades se ampliam, os desafios se impõem. E os projetos de design inscritos neste prêmio Nascente USP 2018 apontam que o futuro pode ser melhor.”
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)
Curso: Design
Subcategoria: Design de exposição
Ensino no design: por quem, para quem? é a intervenção visual resultante de uma atividade colaborativa desenvolvida durante a greve de 2018, cujo objetivo foi de refletir a respeito de racismo, machismo e colonização no ensino do curso de design, tendo como plano de fundo a categorização das obras contidas nas bibliografias deste, e fomentando momentos de aprofundamento da discussão entre os colaboradores.
Ao longo de 5 encontros ocorridos entre os dias 11 e 28 de julho, categorizamos em coletivo uma amostra das bibliografias básicas de 13 matérias obrigatórias dos semestres ímpares, oferecidas pela própria FAU (não entraram para amostra, matérias da ECA, FEA e POLI), e mesmo tendo em vista a dificuldade de encontrarmos autores que não se encaixem no enquadramento hegemônico do conhecimento, nos deparamos com a seguinte situação:
Na intervenção, linhas vermelhas se conectam aos países de publicação e formas coloridas com os nomes dos autores. A legenda informa que as formas representam o gênero do autor e a cor, sua raça – incomoda o fato das raças preta e parda, contidas na legenda, não estarem representadas na intervenção. Um manifesto que consta com ilustração e parte da história de Emory Douglas, designer e parte do Partido dos Panteras Negras, acompanha a intervenção contando um pouco do processo e os dados obtidos.
Transpor essa crítica para uma intervenção visual no espaço em que ela se localiza foi essencial para chegarmos num resultado em que a crueza dos números foi humanizada através de símbolos e subjetividades ali postos, com todo o cuidado para não estancar a discussão. Tornando-se, assim, um convite para enfrentarmos essa discussão enquanto coletivo.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)
Curso: Design
Subcategoria: Design de produto
As unidades de saúde pública no Brasil são frequentemente precárias e, nos últimos anos, a diminuição das consultas de ginecologistas tem sido uma preocupação nacional. Conhecer mulheres que tem dificuldades e se recusam a marcar uma consulta por causa do desconforto e da falta de empatia dos equipamentos e, profissionais que desenvolveram vários problemas de saúde relacionados à precariedade das atuais cadeiras ginecológicas, foi o gatilho deste projeto.
Gina é uma cadeira médica conceitual para procedimentos ginecológicos. O objetivo deste produto é melhorar a ergonomia, conforto, empatia e capacidade de manobra o equipamento, tornando a experiência dos exames ginecológicos menos traumática para as mulheres. As cadeiras e mesas ginecológicas disponíveis no sistema público de saúde no Brasil são inadequadas para atender os diferentes biótipos femininos, especialmente em relação a obesos, deficientes e idosos. Sua estética mal foi alterada desde meados de 1900 e é frequentemente comparada a mesas de açougueiro ou mesas de tortura pelos pacientes, evidenciando a falta de empatia do equipamento. Acidentes também são bastante frequentes e, na maioria das vezes, consistem em quedas do topo do equipamento ou ao acessá-lo.
Gina incorpora uma série de elementos destinados a ajudar e facilitar a interação entre a mulher e a cadeira. Os aspectos ergonômicos foram analisados e reapresentados, incluindo a maneira como as mulheres acessam e utilizam os equipamentos, a fim de melhorar a segurança, a estética e a acessibilidade do produto. A cadeira também foi projetada para facilitar as rotinas dos profissionais, que atualmente desenvolvem diversos problemas de saúde relacionados à precariedade da manobrabilidade dos equipamentos, por meio da incorporação de um sistema hidrelétrico que permite a cadeira e os apoios de perna ajustar altura e abertura, respectivamente.
Foto de modelo físico em escala 1:5
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)
Curso: Design
Subcategoria: Projeto editorial
A D ZINE é uma revista trimestral feita por três alunos do curso de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU USP para a disciplina Projeto Visual IV. Seu objetivo é afirmar nosso espaço dentro da faculdade e introduzir aos alunos uma nova forma de conhecer e discutir Design.
A revista possui dois cadernos, presos pela capa em formato de “Z“: o primeiro aborda o design no mundo exterior à universidade e o segundo concentra matérias centradas no curso de Design da FAUUSP. O conceito “da FAU para o mundo, do mundo para a FAU” busca uma troca de informações e conhecimentos de dentro para fora e de fora para dentro.
A D ZINE busca aproximar o leitor da revista e incentivá-lo a colaborar com o conteúdo. Partes da revista são dedicadas a compartilhar informações interessantes e dicas sobre design, eventos, palestras, concursos e outras atividades da área para ficar de olho, e espaços dedicados para o leitor enviar seus projetos, incentivando a divulgação do designer e do seu portfólio, e gerando conhecimento sobre diversas técnicas e campos de atuação.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)
Curso: Design
Subcategoria: Projeto editorial
A revista Estima foi desenvolvida na disciplina Projeto Visual IV – Mídia Impressa, ministrada no segundo semestre de 2018. Tem, como proposta, abordar doenças que têm tido maior notoriedade a partir de décadas mais recentes, em que fatores como excesso de trabalho e influência das mídias podem contribuir com o surgimento e agravamento de enfermidades, principalmente a nível psicológico.
Comumente essas doenças contemporâneas são interpretadas como parte da rotina diária, provocando uma banalização da gravidade da doença pela sociedade. Esse entendimento tende a diminuir a procura por tratamento especializado e contribui para uma baixa qualidade de vida. A revista também é um canal para veiculação de produções literárias e artísticas relacionadas ao tema, na forma de um encarte ao final da revista, que pode ser destacado e veiculado como um cartaz no transporte público ou em áreas de grande circulação. Assim, paralelamente aos textos informativos, arte e literatura configuram outra via de sensibilização e de identificação do leitor com a temática de cada volume.
Dessa forma, a revista Estima pretende esclarecer as particularidades de quem sofre com cada doença, buscando quebrar os estigmas criados socialmente, mostrar que há tratamentos disponíveis na rede pública e incentivar laços de empatia com aqueles a nossa volta.