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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Experiências de mulheres usuárias de profilaxia pós-exposição sexual ao HIV (PEP sexual): cenários pessoais e programáticos para a prevenção da aids

Experiências de mulheres usuárias de profilaxia pós-exposição sexual ao HIV (PEP sexual): cenários pessoais e programáticos para a prevenção da aids
  • 2018
  • DulceAureliadeSouzaFerrazVersaoCorrigida

Fonte

Biblioteca Digital da USP

Autoria

Dulce Aurelia de Souza Ferraz

Resumo

INTRODUÇÃO: No Brasil, mais de 13700 novos casos de aids são registrados em mulheres anualmente, principalmente por transmissão sexual. Na última década, se ampliaram as opções de métodos de prevenção do HIV disponíveis no país baseados no uso profilático de medicamentos antirretrovirais (ARV) por pessoas expostas ao vírus. Questiona-se como dimensões psicossociais, culturais e programáticas da prevenção do HIV interferirão no uso dessas tecnologias. Esta tese busca compreender o processo de decisão e a experiência de uso da profilaxia pós-exposição (PEP sexual) ao HIV por mulheres que buscaram este método preventivo em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). MÉTODOS: Os dados foram coletados como parte de um ensaio clínico pragmático intitulado Estudo Combina!, realizado em serviços de saúde especializados em HIV/Aids localizados em São Paulo, Fortaleza, Ribeirão Preto, Porto Alegre e Curitiba. Foram realizadas observações diretas da oferta da PEP sexual e entrevistas semiestruturadas com mulheres que buscaram a profilaxia nos serviços. A análise dos dados foi guiada por princípios hermenêutico-dialéticos, à luz das teorias construcionistas da sexualidade articuladas ao quadro conceitual da vulnerabilidade e dos direitos humanos (V&DH). As unidades de análise foram as cenas sexuais e as dinâmicas do Cuidado nos serviços de saúde. RESULTADOS: Dezessete mulheres aceitaram participar voluntariamente do estudo. As entrevistadas tinham experiência prévia de uso de preservativo e apenas duas não haviam se protegido nas cenas sexuais que as levaram à PEP. Para as demais, a busca resultou de falha do preservativo em relações que aconteceram em cenários de sexo casual, de trabalho sexual ou de relações sorodiferentes. Nos dois primeiros cenários, a falta intimidade e a indiferença dos parceiros frente ao acidente contribuíram para a decisão das mulheres de buscarem a PEP e contrastaram com a intimidade e a solidariedade que caracterizaram as interações nos cenários de sorodiferença. Quatro entrevistadas conheciam a profilaxia antes do acidente, informadas principalmente por pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), serviços de saúde, profissionais do sexo e internet. Conhecer e usar PEP sexual não resultou na intenção de substituir o uso do preservativo pela profilaxia. As entrevistadas valorizaram a possibilidade de acessar um método eficaz em serviços públicos de saúde, onde se sentiram acolhidas e respeitadas. Aderir ao tratamento profilático exigiu superar efeitos adversos e consequências psicossociais de tomar os ARV, sobretudo o medo de ser discriminada como uma PVHA, que fez com que as entrevistadas mantivessem o uso da PEP sexual em segredo. CONCLUSÕES: Nos diferentes cenários, as cenas sexuais que levaram à PEP foram atravessadas por scripts de gênero e estigmas da sexualidade, que estruturaram a dinâmica das negociações sexuais e as reações das entrevistadas e de seus parceiros frente aos acidentes com o preservativo. O estigma da aids é expressivo nesses cenários que estruturam as experiências de uso da PEP sexual, contribuindo para mantê-la pouco conhecida e dificultando seu uso no cotidiano. Sugerem-se investimentos na divulgação da disponibilidade da PEP sexual no SUS, no aprimoramento da qualificação dos serviços com base no referencial do Cuidado e em intervenções estruturais para mitigar o estigma da aids e a desigualdade de gênero, a fim de promover e proteger os direitos humanos das mulheres, cuja violação produz cenários de maior vulnerabilidade para o HIV

DulceAureliadeSouzaFerrazVersaoCorrigida

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