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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Fatores associados ao óbito em pessoas vivendo com HIV e hepatite C no Brasil e na França

Fatores associados ao óbito em pessoas vivendo com HIV e hepatite C no Brasil e na França
  • 2020
  • 2020_MelinaÉricaSantos

Fonte

Repositório Institucional da Universidade de Brasília (UNB)

Autoria

Melina Erica Santos

Resumo

Os benefícios da terapia antirretroviral permitiram o controle da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Dessa forma, houve uma mudança do perfil de mortalidade em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), com a emergência de óbitos por doenças hepáticas, intensificados devido à coinfecção pelo vírus da hepatite C (HCV). Neste trabalho, foram investigados o potencial do controle da coinfecção pelo HCV na mortalidade global em PVHIV e os fatores comportamentais capazes de reduzir a mortalidade específica relacionada à coinfecção pelo HCV nessa população. Para tal, foram desenvolvidos um estudo de base populacional no Brasil e a análise de uma coorte clínica de abrangência nacional na França. No Brasil, um modelo de Cox permitiu estimar os efeitos de covariáveis fixas e variando ao longo do tempo sobre a mortalidade por todas as causas em PVHIV. De 2007 a 2015, durante o tempo mediano de quatro anos, ocorreram 61.757 óbitos (1.793.417 pessoas-ano, N=411.281). A taxa de mortalidade foi 3,44 [intervalo de confiança (IC) 95%: 3,42-3,47] por 100 pessoas-ano. Os fatores de risco modificáveis com as frações atribuíveis populacionais (FAP) mais elevadas de mortalidade foram: tratamento tardio (CD4<200 células/mm3) (FAP ajustada [IC 95%]: 15,98% [15,57- 16,40]), ensino primário-secundário (15,09% [14,08-16,09]), transmissão heterossexual do HIV (12,80% [11,83-13,76]) e não tratado para o HIV (12,37% [11,85-12,88]). A coinfecção HIV/HCV foi responsável por 2,45% [2,27-2,63] da taxa de mortalidade. O risco mais elevado de óbito foi estimado para as regiões Norte e Sul (hazard ratio ajustado [IC 95%]: 1,37 [1,31-1,44] e 1,26 [1,21-1,31], respectivamente), em comparação à região Centro-Oeste. Na França, um modelo de riscos competitivos de Fine-Gray possibilitou avaliar a associação entre fatores comportamentais e a mortalidade relacionada e não relacionada ao HCV em pacientes coinfectados por HIV/HCV. De 2005 a 2014, durante o período mediano de cinco anos, ocorreram 77 óbitos entre 1.028 pacientes. O uso regular ou diário de cannabis, elevado consumo de café e não tabagismo atual foram independentemente associados ao decréscimo da mortalidade relacionada ao HCV (razão de subdistribuição de risco ajustada [IC95%]: 0,28 [0,10-0,83], 0,38 [0,15- 0,95] e 0,28 [0,10-0,79], respectivamente). Obesidade e magreza severa foram associados ao incremento da mortalidade relacionada ao HCV (2,44 [1,00-5,93] e 7,25 [2,22-23,6]). O binge drinking foi associado ao aumento da mortalidade não relacionada ao HCV (2,19 [1,10-4,37]). Esta tese envolveu o maior estudo que investiga a mortalidade global em PVHIV no Brasil, sendo pioneira em estimar a proporção de óbitos atribuíveis a cada fator de risco, fornecendo evidências para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Ademais, em virtude da disponibilidade de dados clínicos e sociocomportamentais na coorte clínica da França, os efeitos dos fatores de risco e de proteção para a mortalidade específica nessa população puderam ser explorados, permitindo ampliar as recomendações clínicas e contribuindo para o debate sobre as estratégias de saúde pública para as PVHIV. Em suma, a construção de políticas públicas para a vigilância e assistência em saúde merece ser fundamentada a partir de diferentes estudos epidemiológicos, capazes de fornecer evidências fundamentais e complementares para a tomada de decisão mais adequada.

2020_MelinaÉricaSantos

 

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