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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Semiótica, linguagem, gênero e sexualidade : fabricação da realidade

Semiótica, linguagem, gênero e sexualidade : fabricação da realidade
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Fonte

Biblioteca Digital USP – Teses e Dissertações

Autor

Murillo Clementino de Araujo

Resumo

A presente dissertação de mestrado investiga as relações entre linguagem, gênero e sexualidade, com base em formulações teóricas dos estudos semióticos e sociais, de um lado, e análises práticas de um corpus constituído por textos da cultura brasileira contemporânea, do outro. A principal ideia defendida aqui é a de que tanto as linguagens verbais quanto as não-verbais são responsáveis por recortar o mundo de diversas maneiras, influenciando a percepção que sujeitos de comunidades linguísticas e culturais diferentes têm sobre a realidade, inclusive sobre as representações associadas a gênero e sexualidade. Para discutir essa questão, a parte inicial desta dissertação traz o modelo teórico desenvolvido pelo linguista brasileiro Izidoro Blikstein no livro Kaspar Hauser, ou A fabricação da realidade, de 1983, no qual o autor argumenta, inspirado pela reflexão clássica de Ferdinand de Saussure acerca das relações entre linguagem e pensamento, que a realidade é um universo amorfo e contínuo. De acordo com Blikstein, para que a realidade possa adquirir forma e sentido, ela passa por um amplo processo de fabricação, que envolve a semiose gerada pelos traços distintivos e pelos corredores isotópicos da práxis social, os estereótipos da percepçãocognição, a construção do referente e, por fim, os mecanismos verbais da língua. Na parte final desta dissertação, esses tópicos teóricos são desenvolvidos a partir de um conjunto de análises de quatro textos da cultura brasileira contemporânea, que são examinados sob a perspectiva do percurso gerativo do sentido elaborado por Algirdas Julien Greimas e outros pesquisadores ligados à semiótica da Escola de Paris. A primeira análise aborda a canção Geni e o Zepelim, de Chico Buarque, composta entre 1977 e 1978, para descrever como os procedimentos de enunciação, as sequências de programas narrativos e a dinâmica entre exercício e acontecimento organizam o percurso subjetivo da prostituta e travesti Geni. Em segundo lugar, é examinada a série de tirinhas Aline, originalmente publicada por Adão Iturrusgarai no jornal Folha de S. Paulo de 1996 a 2009, para discutir a caracterização dos atores do enunciado Aline, Otto e Pedro, bem como a questão do éthos discursivo, dos estereótipos de gênero e da sexualidade poligâmica. O terceiro estudo trata do look apresentado por Laerte Coutinho em uma fotografia da revista Época de 2012 para examinar os temas da travestilidade e da construção das identidades visuais de gênero. A quarta e última análise focaliza o livro A princesa e a costureira, de 2015, escrito por Janaína Leslão e ilustrado por Júnior Caramez, para investigar o impacto que as estruturas narrativas, o processo de atorialização e os marcadores sociais da diferença, como gênero, sexualidade, classe social e raça, exercem sobre o relacionamento amoroso entre a princesa Cíntia e a costureira Isthar. Em síntese, as reflexões teóricas e analíticas da presente dissertação de mestrado demonstram que a função poética da linguagem e as performances de transgressão subjetivas são capazes de denunciar os mecanismos de fabricação da realidade, do gênero e da sexualidade.

 

Semiótica, linguagem, gênero e sexualidade : fabricação da realidade

 

 

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