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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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“Translocação microbiana, inflamação e desequilíbrio do sistema redox na gestação e pós parto de mulheres infectadas pelo HIV”

“Translocação microbiana, inflamação e desequilíbrio do sistema redox na gestação e pós parto de mulheres infectadas pelo HIV”
  • 2020
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Fonte

Repositório Institucional UNESP

Autoria

VANESSA MARTINEZ MANFIO

Resumo

Introdução: O estado redox, translocação microbiana e ativação imune são processos pouco estudados em gestantes infectadas pelo HIV. Estes temas têm extrema relevância, afinal, podem comprometer a homeostasia de processos fisiológicos indispensáveis para o desenvolvimento intrauterino e evolução gestacional, ou contribuir para aquisição de comorbidades associadas ou não à aids nestas mulheres. Objetivo: Avaliar a translocação microbiana, ativação imune e estado redox durante a gestação e pós-parto de mulheres infectadas pelo HIV. Casuística e metodologia: As 39 mulheres incluídas pertenceram aos seguintes grupos: 13 gestantes HIV+, 10 gestantes HIV-, 10 mulheres não grávidas HIV- e, seis mulheres não grávidas HIV+. Foram coletados dados clínicos e sociodemográficos pela análise de prontuários e entrevistas. O sangue foi coletado em um único momento, para as não gestantes, e em três momentos para as gestantes, sendo: primeiro ou segundo trimestres (M0), pré-parto (M1) e pós-parto (M2). Foram analisados os seguintes parâmetros de estresse oxidativo e translocação microbiana, respectivamente: atividade da peróxido dismutase (SOD), catalase (CAT), carbonilação proteica, proteína de ligação de ácidos graxos intestinais
(iFABP), lipopolissacarídio (LPS), cluster de diferenciação 14 solúvel (sCD14) e anticorpos do core da endotoxina (EndoCAb, IgG, IgA e IgM). A análise estatística foi baseada em dois modelos, um fatorial, considerando dois fatores de classificação (gestação e infecção), e um longitudinal para os grupos, combinando gestação e infecção. Os resultados foram analisados por ANOVA seguido de Tukey e distribuição Gamma seguido de Wald, considerando nível de significância de 5%. Resultados: A média de idade geral foi de 31,5 (±7,18) anos. Para as gestantes infectadas, as contagens de linfócitos T CD4+ apresentaram-se em sua grande maioria, acima de 500 células/mm3,
enquanto que 54,0% dessas mulheres possuíam CV acima do limite de detecção no momento da inclusão no estudo. Na avaliação do estado redox pelo modelo longitudinal, as gestantes (HIV+ e HIV-) não apresentaram alteração na atividade de SOD, entretanto, a atividade de CAT foi aumentada no pós-parto das infectadas (p=0,03) e no pré- e pós-parto das não infectadas (p=0,0004 e p=0,001). A elevação da carbonilação ocorreu apenas no pré-parto das gestantes não infectadas (p=0,01). Pelo modelo fatorial, maiores atividades de SOD e CAT foram observadas nas HIV+, tanto nas mulheres que estavam nos meses iniciais da gestação (p=0,04 e p=0,02, respectivamente) quanto nas não gestantes (p=0,007 e p=0,008); apesar disso, o fator gestação nestas mulheres infectadas parece diminuir consideravelmente os níveis de CAT (p=0,004). Neste mesmo modelo, a carbonilação no pré-parto foi mais evidente nas grávidas HIV- (p=0,01), do que nas HIV+, sendo que o inverso ocorre quando o fator gestação é excluído (p=0,01). Em relação à translocação microbiana, pelos modelos longitudinal e fatorial, níveis de iFABP foram maiores nas gestantes infectadas [(M0 p=0,001; M1 p=0,009; M2 p<0,0001 longitudinal) e (M0 p=0,03, M1 p=0,01 e M2 p=0,007 fatorial)]. As dosagens de LPS foram maiores em gestantes HIV+, do que nas gestantes HIV- (M0 p=0,0005, M1 p=0,0008 e M2 p=0,0001), o que foi ainda mais expressivo no pós-parto, considerando ambos os modelos [(M2 p=0,0007 longitudinal) e (M2 p=0,004 fatorial)]. Quanto ao sCD14, o modelo longitudinal mostrou
maiores dosagens no início da gestação (M0 p=0,02), enquanto o modelo fatorial não mostrou diferença entre as HIV- mas, considerando só as HIV+, esses níveis foram maiores em não gestantes (M0 p<0,0001. M1 p<0,0001 e M2 p<0,0001). Para o EndoCAB das gestantes, as HIV+ apresentaram maiores IgA [(p=0,001 longitudinal) e (p=0,02 fatorial)] e IgM [(p=0,02 longitudinal) e (p=0,03 fatorial)] nos primeiros trimestres gestacionais. Enquanto as HIV- não gestantes apresentaram maiores níveis de IgA (p=0,02 fatorial), as HIV+ apresentaram os valores mais altos de IgM no pósparto, em relação às não infectadas (p=0,05). Conclusão: Maior estresse oxidativo pode ocorrer em gestantes infectadas pelo HIV, porém, o vírus não é o único responsável por este processo, no qual parece haver envolvimento de outros mecanismos relacionados à gestação. A infecção promoveu maior translocação microbiana e ativação imune em infectadas pelo HIV, e a gestação por sua vez, diminuiu este último nestas mulheres, como visto pelo LPS, sCD14, IgM e IgA.

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