• A+
  • A-
Marca da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Marca da Universidade de São Paulo
Fechar

Quando os mocinhos e galãs deixam de ser galãs e mocinhos? – COLUNA

Ao envelhecerem. No início de março um dos grandes galãs da televisão brasileira, Tarcísio Meira, divulgou nas redes sociais uma foto com a sua esposa, a atriz Glória Menezes. Foi chamado por alguns de “velho miserável”. E ele respondeu em uma entrevista que não soube de onde vinha tanto ódio. O termo velho foi usado, assim como miserável, com o mesmo objetivo de agredir. Como se ser velho fosse algo pejorativo e que justificasse uma agressão.

Episódios como esse acontecem diariamente na vida de milhões de brasileiros, sobretudo nas redes sociais, reconhecidas por vincularem imagens de perfeição e felicidade. E quando uma pessoa velha expõe a sua imagem, muito longe daquelas faces sem rugas ou do corpo atlético e bem definido, e ousa sair dos limites que lhes são determinados pela sociedade, que é a invisibilidade, ela passa a ser vítima de agressões. Nesses momentos, o fato de ser famoso e influente não importa. Você envelheceu e como tal tem que seguir o papel que se espera de você. O palco agora é dos mais jovens. Saiba o momento de se retirar. Mas sair para onde? Provavelmente para o lugar mais longe possível, onde ninguém perceba a sua existência.

Os tempos mudaram, mas a percepção da nossa cultura em relação ao envelhecimento continua a mesma. Os idosos representam uma parcela cada vez mais significativa da população. Contribuem de forma relevante para a economia. E entretanto, continuam sendo vistos e tratados como uma minoria sem importância. O que pode e deve ser feito para que haja uma mudança mais profunda na forma de encararmos o envelhecimento? Não sob as lentes de perdas, improdutividade, morte. E sim sob uma perspectiva de compartilhamento intergeracional, solidariedade, diversidade e aceitação. Mas essa mudança é possível para um problema secular?  

Egídio Dórea