
“O ano de 2018 no projeto Nascente apresentou na área de artes cênicas oito trabalhos inscritos nas diferentes categorias de direção, interpretação individual e interpretação de grupo. Como marcas desses trabalhos: a criatividade e a sensibilidade de abordar temáticas relevantes e em destaque na sociedade e na universidade hoje.
Selecionamos quatro obras finalistas. Duas delas concorrendo como direção: ‘Alfaces – da mesa à cena’ e ‘Mariposas’; e outras duas finalistas como interpretação de grupo: ‘Agonia da morte das fadas’ e ‘Um homem é um homem’.»
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Direção
Duração: 80 minutos
Criado a partir de processo colaborativo, em um grupo formado apenas por mulheres, Mariposas conta a história real das irmãs Mirabal, que viveram durante a ditadura militar na República Dominicana e lutaram pela libertação de seu país.
Mariposas acompanha a história real das quatro irmãs Mirabal, que lutaram pela libertação de seu povo. Em meio a uma das ditaduras militares mais sangrentas da América Latina, Pátria, Minerva, Maria Teresa e Dedé cresceram, sonharam e tornaram-se símbolos — mas foram também mulheres reais, e irmãs que, embora muito diferentes, tinham um laço indestrutível.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Escola de Arte Dramática (EAD)
Subcategoria: Interpretação em grupo
Duração: 70 minutos
Trabalho desenvolvido pela turma 67 da Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP, com direção de Cristiane Paoli Quito, na disciplina de Oficina de Montagem (sexto termo). A montagem enfatiza o jogo de composição a partir da adaptação da obra de Bertolt Brecht usando da tradução de Fernando Peixoto e da versão de Paulo José para o Grupo Galpão.
Galy Gay, um homem em meio à guerra, estivador do porto de Kilkoa que só bebe socialmente, não fuma e, pode-se dizer, não tem nenhum vício. Um sujeito engraçado que não sabe dizer «não» saiu de manhã para comprar um peixe pequeno, a tarde já possuía um grande elefante e a noite foi fuzilado. Fuzilado? Não era Galy Gay, era um outro. Galy Gay será desmontado e depois, sem que dele nada se perca, será novamente remontado, pois o senhor Bertolt Brecht pode provar que qualquer um pode fazer de um homem (cujo nome não deve ser mencionado) o que desejar. Em uma brincadeira em troca de um charuto estava disposto a esquecer até o nome da mãe. Soldados tomaram conta dele, pois, por acaso, sabiam onde o colocar. Não foi um grande crime o que cometeu esse que era o homem indicado para qualquer tipo de negócio. Não foi um qualquer enquanto viveu: carregava pepinos por gorjeta, era membro do clube de lutadores de Kilkoa, tinha pés chatos e também outras coisas que é melhor não mencionar. Um sujeito útil e por isso utilizável que perdeu-se falando demais, mas um homem é um homem e enfiar os dentes na garganta do inimigo, finalmente compreendam como é perigoso nesse mundo viver.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Interpretação em grupo
Duração: 90 minutos
O trabalho nasceu de uma busca do grupo por pesquisar o que temos chamado de dramaturgia de imagens com o intuito de criar uma disputa de imaginários entre os contos de fadas que são retratados no espetáculo, usar seus referenciais imagéticos comuns a nosso favor. Queremos, com esse trabalho, trair essas narrativas clássicas. Subvertê-las. Fazer com que nossos corpos ocupem os espaços que não puderam.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Cênicas
Subcategoria: Direção coletiva
Duração: 60 minutos
Três mulheres de maiôs. Três alfaces de óculos escuros. Uma praia artificial, ambiente aparentemente seguro. Três mulheres-alfaces enclausuradas em uma peça artificial. Só existe o marasmo nesses corpos. Corpos padronizados e assépticos. Chamaram-nas tanto de histéricas que se tornaram apáticas. Mas o que revelam essas mulheres por trás do vazio? Quando não é mais possível contar uma história, quando todas elas já foram contadas, só resta um refluxo, um nó na garganta, que pode implodir a qualquer momento destruindo toda essa artificialidade.
Três mulheres alfaces sufocadas por uma sociedade patriarcal – sua moral, seus padrões de beleza-corpo, sua desigualdade de gêneros… Uma sucessão de cenas marcadas pela artificialidade, pelo nonsense e pelo cômico, com o intuito de evidenciar formalmente as questões sobre o papel social da mulher.
Instigadas pela fala de uma das atrizes “- eu me sinto uma alface”. A Coletiva Olivias de mulheres-artistas, investiga através desta metáfora uma sensação de ser mulher nesse mundo. Essa imagem, da mulher enquanto algo inerte, insosso, fracassado… que em um primeiro momento parecia derrotista, tornou-se um pretexto para a discussão e um disparador de reflexões sobre o que é ser mulher. Mulheres não são alfaces. E é na construção cênica dessa metáfora de se sentir como uma alface e na luta contra essa sensação que se dará a tensão criativa do processo.