O Programa USP Aproxima-Ação desenvolve ações voltadas especialmente para as questões pertinentes à relação entre a Universidade de São Paulo e as comunidades do seu entorno. Tomando por norte a Educação Popular, Direitos Humanos e Direitos da Criança e do Adolescente, o Programa USP Aproxima-Ação constitui-se em um espaço privilegiado de interlocução entre ações e projetos da Universidade de São Paulo (USP) e as demandas sociais comunitárias com foco em crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O Programa, por meio de intervenções e articulações, tanto na Universidade quanto na comunidade, promove atividades de extensão universitária dentro das diversas áreas do conhecimento, contando com a participação de estudantes, docentes e servidores da Universidade.
No âmbito acadêmico o Programa tem ações reconhecidas para formação e capacitação da comunidade universitária, bem como contribui na formação de educadores e outros profissionais.
Até 2020, o Aproxima-Ação desenvolveu suas atividades sob duas frentes de atuação: a primeira em torno da Rede de Aproximação, que congrega diversas instituições, sejam Unidades de Ensino USP e/ou instituições externas, atuantes ou interessadas em atuar com as comunidades. A segunda frente em torno do Projeto Crianças e Adolescentes no Campus, que se volta para a questão da permanência de crianças e adolescentes desacompanhados e em situação de vulnerabilidade nas ruas da Universidade, desdobrando-se em diversas ações, com o objetivo de aproximá-las de sua rede de proteção social – familiar, escolar e comunitária.
Atualmente, como consequência da pandemia de Covid-19, a suspensão do atendimento presencial e prático, tanto do Programa quanto das escolas e instituições de contraturno escolar, prejudicaram as atividades desenvolvidas pelo Aproxima-Ação no âmbito da metodologia de educação em meio aberto, devido a impossibilidade da atuação dos educadores no território. Neste cenário, o Programa Aproxima-Ação, visando continuar com suas ações, se articulou na construção de atividades remotas, apostando em formações virtuais dos seus bolsistas e articulação contínua com a Rede de Aproximação de forma on-line. O Programa também foi contemplado pelo Edital 01/2020 “Fomento às iniciativas de cultura e extensão ligadas aos ODS-ONU” da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, o que possibilitou a construção do curso de Difusão “Educação Popular em Tempos de Pandemia”, voltado para educadores e constituído de videoaulas de ministrantes convidados sobre temas que instiguem o debate sobre educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos e direitos da criança e do adolescente.
Histórico do Programa – A Universidade de São Paulo e o Jardim São Remo: do Programa Avizinhar ao Aproxima-Ação
O Programa Avizinhar foi criado em 1998 como uma iniciativa institucional da Universidade São Paulo com vistas à coesão social. O seu objetivo era estabelecer uma convivência de respeito mútuo entre a USP e a população de baixa renda que vive nas imediações do campus universitário a partir do atendimento de crianças e jovens, filhos das famílias dessas comunidades.
“Avizinhar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa): fazer ficar ou ficar próximo, achegar(-se), aproximar(-se), ir para perto; acercar-se; confinar com, ser vizinho de; ter semelhança; assemelhar-se.
O Programa Avizinhar privilegiava a metodologia de educação em meio aberto, que se dá pela ação/intervenção em espaços diferenciados dos formais ao se fazer presente nos locais de convívio e/ou permanência da criança. O estabelecimento do vínculo com as crianças possibilitou a extensão do trabalho dos educadores junto a famílias e comunidade. Através de visitas domiciliares efetuou-se levantamentos de situação escolar, da situação socioeconômica e das estruturas familiares e o diagnóstico das demandas sociais.
O trabalho do Avizinhar possibilitou constituir uma equipe multidisciplinar composta por estudantes, funcionários e professores da Universidade que trouxeram suas vivências e formação acadêmica à prática do Programa e puderam com ele aprender, vivenciar e analisar uma prática de trabalho com pessoas, comunidades e instituições. Constituindo uma Rede de Proteção: Avizinhar Escola (aproximação com escolas públicas), Rede Butantã (aproximação com ONG´s e Serviços Públicos locais), Fórum da Criança e do Adolescente do Butantã (rede temática) e Micro-rede São Remo.
O Avizinhar desenvolvia cursos de formação para adolescentes e jovens das comunidades vizinhas, devido à demanda por atividades extracurriculares. O foco era a informática, visando uma formação integral do indivíduo, articulando atividades em todas as áreas, Estas atividades fortaleceram os vínculos entre os jovens, que fundaram, então, o Grêmio Treinamicro. Esta experiência foi relatada no documentário “Grêmio Treinamicro: Uma Experiência Sociocultural Revisitada na USP”.
Em 2007, o Programa Avizinhar encerrou suas atividades quando a Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária de Atividades Especiais da USP (CECAE-USP) foi extinta, levando o Programa a ser abarcado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU-USP). Apenas em 2013, inspirado no Avizinhar, o Programa Aproxima-Ação sai da idealização e é instaurado, constituído, junto com outros programas, o Núcleo dos Direitos da USP, dentro da PRCEU. Atualmente, o Núcleo dos Direitos recebe o nome de “USP Comunidades”.
