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A essência do trabalho de uma comissão julgadora consiste basicamente numa oscilação entre o privilégio de poder conhecer em primeira mão projetos extraordinários e a responsabilidade de ter que, entre eles, selecionar os melhores e o vencedor – sabendo que essa decisão invariavelmente envolve elementos de subjetividade, pode implicar sentimentos de gáudio e de frustração e ainda serve de direcionamento para novos projetos e outras premiações. Baita compromisso.
Depois de um ano radicalmente atípico, sem que tenha sido possível a realização do concurso Nascente USP, estamos aqui novamente, confrontando-nos com esse múltiplo desafio do julgamento e ao mesmo tempo inebriando-nos com a possibilidade do retorno, do reencontro e da retomada. E nada pode ser mais adequado para celebrar este momento do que a constatação de que, apesar de tudo e de tanto, nossos alunos seguem ativos e brilhantes na sua capacidade sensível e na sua potência interpretativa diante de uma realidade cada vez mais desafiadora, produzindo e inscrevendo projetos tão surpreendentemente variados nos seus interesses quanto profundamente comprometidos com o contexto atual.
Da causa antirracista ao valor inegociável da educação, das preocupações com o envelhecimento da população à recorrente defesa do meio ambiente, nesta edição de 2021 temos novamente uma diversidade que é evidentemente temática, mas que também se expressa nos tipos de projetos apresentados. Design de exposição, design gráfico, design de produto, projeto editorial, webdesign – tantas mais venham a se revelar as possibilidades de atuação humana, maiores tendem a ser as possibilidades do design.
Entre a angústia de ter que escolher e a felicidade de, para isso, ter tantas opções, conforta-nos a certeza de que mais importante do que a vitória individual é o congraçamento de um pensamento, de uma visão de mundo – os do design – baseados na busca e na construção de uma sociedade melhor. E, assim, utilizamos como parâmetro de avaliação não apenas a estética mais bem realizada ou a funcionalidade mais bem projetada, mas o pensamento mais abrangente, a reflexão mais profunda, a justificativa mais lúcida e a consciência mais apurada.
Comissão Julgadora da Categoria de Design
Revista de sustentabilidade desenvolvida pensando nas crianças brasileiras. A linguagem jovem e alto astral busca inspirar a mudança e motivar os pequenos a saberem de seu potencial para cuidar do meio ambiente. Desse modo, foram selecionados temas reais voltados à preservação do planeta e ideias de como podemos protegê-lo do mal!
Envolturas é um projeto de exposição que busca reintroduzir as discussões sobre o corpo em diálogo com a arquitetura, o urbanismo e o design. As questões corporais são premissas em todo projeto, da carne ao tecido, da colher à cidade. A palavra corpo, do grego korpós significa fruto, semente, envoltura; do latim, corpus é o mesmo que tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito. O título escolhido relaciona o corpo como envoltura da alma e a vestimenta como envoltura da carne.
Projeto de identidade visual para uma empresa fictícia voltada a soluções de atividades físicas para pessoas com deficiências motoras. Superação é uma empresa que, através de soluções adaptadas e divertidas, busca trazer a atividade física para a vida da pessoa com deficiência física. Para expressar visualmente toda força da marca, é necessário que haja um logo tão forte quanto. Minimalista e direto, o símbolo é uma junção de diversos elementos que comunicam a missão da marca. Cada um possui uma mensagem específica: A asa, que traz a ideia de liberdade, de voo; a roda, que referência a cadeira de rodas e a “base” para o movimento; o rastro, que complementa a sensação do movimento trazida pelos outros elementos.
Identidade visual da campanha #LuizGamaHonorisCausa, cujo objetivo foi mobilizar a comunidade interna e externa à USP com respeito ao pedido de concessão do título póstumo de Doutor Honoris Causa a Luiz Gama. Intelectual de excelência ímpar, Luiz Gama foi poeta, jornalista, advogado, líder político e figura essencial na luta abolicionista no Brasil do século XIX. Vendido como escravo quando criança, alfabetizou-se apenas aos 17 anos e, pouco depois, conquistou judicialmente a própria liberdade. Atuando como advogado autodidata, tornou-se o maior especialista na legislação sobre manumissão (ou alforriamento) e foi responsável pela libertação de mais de 500 pessoas escravizadas. Como jornalista, buscou nova representação das pessoas negras ao desnaturalizar o racismo.
Broto é um serviço de hortoterapia projetado para promover a prática de atividade física, a socialização e a reinserção produtiva de idosos institucionalizados, visando o aumento da qualidade de vida e valorização da pessoa idosa. A partir do oferecimento de uma série de atividades e brincadeiras, o serviço propõe a ressignificação do tempo na ILP por meio da atividade física com propósito tangível, que gere autoconhecimento para que o idoso ultrapasse limites auto-impostos, assim quebrando sua autoimagem de dispensável e senil. Com o intuito de criar uma identidade visual coerente com a proposta de serviço, o nome “Broto” faz alusão à gíria, usada nos anos 50, para “pessoa bonita” e ao início do desenvolvimento de uma planta, unindo o público alvo com a hortoterapia. As cores vibrantes e o rosto, formado por elementos tipográficos, buscam transmitir ideia de diversão e da prática de atividade física de forma descontraída, distanciando-se do imaginário sério comumente associado ao público idoso.
Yasaí é um projeto fictício inspirado na floresta amazônica e que nasceu de um estudo de identidade de marca. A ideia principal é a abordagem de uma marca de açaí com o intuito de difundir o consumo de frutas tipicamente brasileiras, melhorar a qualidade de vida de pequenos produtores e apoiar projetos de proteção à Amazônia. Foram utilizadas cores vibrantes e elementos que caracterizam aspectos importantes da floresta amazônica, tais como a cultura de grupos étnicos que ali habitam, fauna e flora locais.
Em tempos em que a ciência sofre ataques de desinformação, por meios digitais substancialmente, as publicações acadêmicas merecem atenção. Como mostram as estatísticas do Portal de Revistas da Universidade de São Paulo, os acessos [e downloads] aos [dos] periódicos que hospeda – independentemente de área, foco e escopo – vêm caindo drasticamente a cada ano1 , mesmo com o protocolo sanitário de fechamento das bibliotecas pela pandemia de Sars-CoV-2, que dificultou o acesso a livros físicos. Em 2019, a revista Desassossego2 , publicação online do PPG de Literatura Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, passou por uma renovação do corpo editorial executivo. Foi quando o design passou a ser tratado como elemento fundamental para a ampliação do alcance das edições.
Bruno Pompeu
Publicitário formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Doutor e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (PPGCOM-USP). Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (PPGCC-Uniso). Professor dos cursos de Publicidade e Propaganda da ECA-USP e da ESPM-SP. Autor dos livros Semiopublicidade, publicado em 2018, e Dicionário técnico e crítico da comunicação publicitária, de 2012. Co-organizador do livro Ontologia publicitária, publicado em 2019. Membro do Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo (GESC3). Representante Sudeste na Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade (ABP2). Um dos sócios-fundadores da Casa Semio, empresa de pesquisa e consultoria em semiótica.
Clice Mazzilli
Professora Associada do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), onde leciona desde 2001. Atualmente coordena o Programa de Pós-graduação em Design e o Laboratório de Programação Gráfica (LPG).Entre 1997 e 2006 lecionou no Instituto de Artes da UNESP. Coordenou o Curso de Design de 2006 a 2009 e a Área de Concentração Design e Arquitetura do PPG-AU de 2009 a 2011 (FAUUSP). Reúne experiência nas áreas de Design, Arquitetura e Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: processos de criação, linguagens visuais, linguagem gráfica, design editorial (livro imagem, livro ilustrado, livro objeto), design ambiental, espaços lúdicos.
Dorinho Bastos
Prof Doutor Livre Docente pela Escola de Comunicações e Artes / ECA – USP. Desde 1976 é professor do Curso de Publicidade da ECA. Professor nos cursos de pós-graduação da ECA, FIA e PECEGE. Sócio/Diretor do Estúdio Dorinho Bastos Comunicação & Design. Cartunista, publica na Revista Propaganda, Revista da ESPM e no jornal PropMark.