
“Uma exposição de Artes Visuais realizada exclusivamente com estudantes da USP tem peculiaridades, e propõe uma reflexão específica.
Constata-se, inicialmente, ao primeiro contato com as obras inscritas, grande diversidade de níveis de compreensão da “arte”. O entendimento para operar com uma atividade de difícil definição não é uma garantia do ensino superior.
Numa Universidade, que se propôs originariamente ser um território de estudos e diálogo desinteressados, não se repetem necessariamente os parâmetros dominantes do circuito artístico oficial. A qualidade artística pode se encontrar em meios e linguagens de pouco acesso aos espaços expositivos canônicos. A diversidade constatada não é a mesma das exposições regularmente apresentadas em outros espaços e instituições.
Suspende-se temporariamente a progressão acadêmica do conhecimento: estudantes de Graduação e Pós-Graduação podem ser igualmente destacados, apenas pela qualidade intrínseca das obras inscritas.
Aos membros do júri do Programa Nascente cabe assumir as dúvidas, incertezas, riscos, do conhecimento gerado por uma Universidade, tentando refinar o julgamento do universo de trabalhos recebido, sem aplicar simplesmente os parâmetros dominantes no sistema das artes”.
Carmen Aranha, Marco Francesco Buti e Vitor Mizael
(Comissão Julgadora e Curadoria)
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Mestrado em Poéticas Visuais
Título: Janelas
Subcategoria: Fotografia
Em Janelas proponho uma discussão acerca da arquitetura urbana e das paisagens alteradas pelo homem, problematizando a onipresença dos muros na cidade e suas funcionalidades ambíguas, na medida em que protegem e delimitam não só a passagem, mas também o olhar. A partir da ambivalência de tais construções, passei a utilizá-las como suporte para por em suspensão o sentido de sua própria presença. O processo de realização desse trabalho iniciou-se com saídas pelas ruas em busca de horizontes interrompidos por muros na metrópole paulista. Após localizá-los, o próximo passo se deu com um salto para transpor a barreira do muro e alcançar o outro lado, afim de registrar fotograficamente o que havia por trás e que se encontrava oculto. Em outra etapa do trabalho, retornava ao mesmo local com a fotografia impressa e a colava na face pública do muro, onde juntamente fixava uma moldura de madeira sobre o lambe-lambe, constituindo assim, uma intervenção que ao mostrar o que há do outro lado, pela simulação da janela, reproduz o mundo em um duplo morto, instante congelado, bidimensional e plano – simulacro do mundo.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Arte Visuais
Título: Janela estandarte
Subcategoria: Pintura
Janela estandarte apresenta um recorte da paisagem urbana e um indício de seu desfecho: um terreno de zona industrial, convertido em empreendimento imobiliário, cujo estande de vendas encontra-se em fase de desmonte. A paisagem desumanizada revela um tipo de ruína desmontável, um esqueleto de outdoor que precede a arquitetura e a estética do mercado imobiliário.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Arte Visuais
Título: Volta Mar (da série pau-brasil)
Subcategoria: Desenho
As duas imagens que compõe o díptico são do tronco da árvore do pau-brasil. Em uma o tronco está na vertical, e na outra, o tronco está na horizontal sugerindo a árvore derrubada. Os acúleos (semelhantes a espinhos característicos desta árvore) quando vistos no tronco na horizontal sugerem também uma paisagem ao longe: terra a vista! O pau-brasil, ou Ibirapitanga em língua indígena, foi extraído pelos europeus para ser usado como corante de tecidos e como material artístico de pintores na Europa. Sua extração foi feita de maneira devastadora: muitas árvores foram derrubadas e povos foram extintos. Este díptico que aqui apresento faz parte do escopo de minha atual pesquisa de doutorado intitulada Ibirapitanga: a materialidade da cor no processo criativo.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Curso: Arquitetura e Urbanismo
Título: Espaços efêmeros
Subcategoria: Desenho
Este trabalho busca, através do desenho, representar com diferentes contrastes de luz e sombra, como tempo e espaço se deformam mutuamente. Proporcionando diferentes experiências de imersão e contemplação.
Unidade de ensino: Escola de Artes e Comunicação
Curso: Artes Visuais
Título: Arrebol
Subcategoria: Fotografia
Arrebol é uma série de fotografias realizadas com intuito de retratrar e refletir sobre o momento de passagem do dia para a noite. O ensaio é um passeio pela cidade em sua hora de “recolher-se”. e pressupõe uma observação comtemplativa pela paisagem cotidiana, ao buscar (re)aprender a olhar e resignificar os lugares que percorremos ao longo de nossa jornada.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Monotipias
Subcategoria: Gravura
Desenvolvi a série de trabalhos aqui apresentados a partir do uso da técnica da monotipia sobre papel. São exercícios gráficos em torno do objeto “cidade” e de relações espaciais que derivam de observações a partir do ambiente urbano. A princípio trabalhei com imagens capturadas pela cidade, que foram interpretadas com pintura, para então servirem de objeto para a execução das monotipias. As sucessivas etapas de trabalho pela qual a imagem inicial passa tem a intenção de se chegar às relações mais essenciais dos espaços observados. Para realizar estes trabalhos, utilizei chapas de cobre que foram entintadas com rolos de borracha e pincéis, para então passarem na prensa calcográfica junto do papel.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Curso: Design e Arquitetura
Título: Guarde meu sono
Subcategoria: Fotografia
O ensaio trata sobre o problema social da relação da vida de moradores de rua e o ambiente que habitam e repousam, sob a proteção da arquitetura e das luzes da cidade, que ao anoitecer não se tornam silenciosas e não fornecem condições para que descansem tranquilamente. Vivem e se acomodam em pequenos espaços, onde tentam se proteger das intemperes do tempo, driblando os problemas gerados pela cidade. Buscam a paz interior que nunca é encontrada e o sono não repara nem a mente e nem o corpo, assim se deita e não se levanta, não existe a segurança, mas ninguém caminha sozinho, pois estamos todos sobre a mesma morada.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Curso: Arquitetura e Urbanismo
Título: Deseinhos
Subcategoria: Desenho
Deseinhos são três formas simples, de palavras complexas, questões, conclusões, argumentações, são elementos do dialogo humano e mental que está presente em todos os nossos dias, em épocas de maior ou menor freqüência, diálogos e pensamentos internos que de alguma maneira neste trabalho escapam, tomam formas e tentam reestruturar seus conceitos.
A forma tenta retirar o verbo como único modo de entendimento, e trazer um novo ponto de vista, reflexivo e intuitivo sobre o que está posto, um modo de conhecimento que vem através da interpretação da imagem, das cores, da linha, dos gestos e que ainda assim nos da uma dimensão, por exemplo, do que seria tirar a conclusão de uma questão.
Nada preenche tudo e nada se faz complementar, como se sempre ocorresse um erro no complemento de cheios e vazios e que ao mesmo tempo é o que parece dar sentido ao que está sendo proposto, deseinhos no diminutivo, traz ainda consigo a tentativa de na trivialidade, na forma básica e nas cores primarias, conversar com o outro, de maneira calma e silenciosa sobre temas inquietantes e muitas vezes confusos.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Pluma
Subcategoria: Fotografia
Pluma é uma fotografia isolada. Intimista, a imagem dispensa ou até repele obras acessórias. O espaço fechado criado pelo fundo denso convida o observador ao escuro, a uma cena silenciosa e familiar. Experiência semelhante ao adormecer. Dois planos são bem definidos, entre os quais titubeia uma menina. Resistindo à gravidade material da cama e do abajur, ela parece se dissolver no preto abissal da região superior. Desse modo, a composição simples e linear ressalta um rosto tranquilo, como de se despede aliviada da realidade.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Doutorado, Programa de Artes Visuais, área: Poéticas Visuais
Título: 1-Cubo Branco: Instalação multimídia + 2-Tautografias: imagens geradas a partir de código e som + 3-Sel phi: imagens tridimensionais /em>
Subcategoria: Outros
Cubo Branco instalação Cubo Branco é instalação para 1 ou 4 projetores. O sistema mostra um cubo branco, que tem seu tamanho, rotação e velocidade de repetição ditados pelo som que os interatores fazem na sala. Um computador capta o som e transmitem em tempo real dados para o software, que atualiza as proporções do cubo, instantanemente. O desenho da programação tenta alterar um território já esperado, o território limpo do cubo branco, mudando a perspectiva espacial do interator em relação a uma sala ou a uma parede apenas, e ao mesmo tempo, colocá-lo na posição de criador, de co-criador, da obra que vê e experimenta. Tautografias 5, 8, 13 e Tautografias 1, 2, 3 são trípticos compostos por imagens computacionais geradas a partir de código. As imagens são geradas a partir de soft¬ware original. O software, programado por mim em Processing, desenha a partir de sons. Para a série TAUTOGRAFIAS, usei o som da leitura do próprio código do programa, lido em voz alta. Captando os sons, o software trabalha como um sistema transdutor, máquina de tradução intersemiótica, e gera as imagens a partir daí. Sel phi_tríptico Sel phi é tríptico composto por imagens tridimensionais renderizadas com superfícies recobertas de pontos. Um scan tridimensional é renderizado em projeção ortográfica, sem perspectiva. É uma série de auto retratos que seriam impossíveis de ser feitos com câmera ótica, já que a perspectiva é ausente.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Paisagens
Subcategoria: Pintura
A série Paisagens deriva de um processo investigativo acerca da fotografia e a pintura de paisagem, e constitui um conjunto de cinco aquarelas realizadas a partir de imagens tiradas com uma câmera de celular.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Curso: Design
Título: Coração partido
Subcategoria: Fotografia
As fotografias da série Coração Partido são fruto de momentos de introspecção e recolhimento. Foram tiradas durante caminhadas vespertinas pela Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira e por estradas e trilhas nas proximidades da Serra do Mar. No meio da mata, algumas plantas são quase personagens e dão origem a imagens que são quase retratos. Aqui, uma folha já perdeu completamente seu verde original, substituído por um amarelo alaranjado que denuncia sua morte precoce. Ali, uma outra folha simplesmente desfaleceu entre as demais e sua carcaça encontrou descanso sobre outras plantas em uma curva que mais parece dança. Uma terceira sofreu um golpe certeiro em seu âmago, sem que isso afetasse sua força. Com atenção aos detalhes, percebe-se a dificuldade em encontrar uma única folha ilesa, e cada uma delas desperta uma certa melancolia originada em nossas próprias marcas.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Mestrado Poéticas Visuais
Título: Sem Título #1, Sem Título #2,Sem Título #3
Subcategoria: Pintura
Os Três trabalhos apresentados fazem parte de uma série que está sendo desenvolvida desde o ano de 2.005, dentro das pesquisas e trabalhos produzidos durante a minha graduação. Estes trabalhos estão entre os limites da pintura e do desenho, onde o grafite é aplicado sobre a tela com instrumentos típicos do desenho técnico (lapiseira, esquadros, régua T), e posteriormente trabalhados com pincéis, trinchas e escovas. O ponto de partida ou inspiração poética para estas composições são detalhes construtivos de arquitetura, em especial da arquitetura moderna brasileira. A combinação destes temas com a técnica descrita resultam em trabalhos que dialogam com as relações entre desenho e pintura da paisagem.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Porque o distante não é próximo
Subcategoria: Fotografia
A série de fotografias é composta de cinco trabalhos, dentre os quais três dípticos. cada módulo possui 26,5cm por 11,2cm, compondo, no total, aproximadamente 26,5cm por 72cm, contando com um espaçamento entre cada módulo de 4cm.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Desenho, Vazão, Mostruário São Paulo, Caixilharia, Volteador-de-Salão
Subcategoria: Outros
Reunião das obras de minha produção recente nas linguagens da instalação, da escultura, da gráfica e intervenções sobre arquiteturas e espaços públicos, variando em escala segundo a exigência de cada projeto. Aquilo que poderia conferir alguma unidade para projetos cujas resoluções formais apresentam tantas diferenças entre si é o interesse pela paisagem urbana, suas tipologias construtivas, elementos iconográficos e históricos que funcionam como “detonadores” das obras. Cada um dos projetos no PDF é acompanhado por uma breve descrição conceitual que visa oferecer um contexto para a leitura (mas não pretende excluir outras possibilidades de aproximação). Caso haja interesse da curadoria do Nascente, muitos dos projetos podem ser adaptados à situação expositiva que for configurada.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes
Curso: Artes Visuais
Título: Sem título
Subcategoria: Desenho
O seguinte trabalho constitui-se de uma série de desenhos feitos em carvão, pastel, e lápis sobre papel a partir da observação de objetos como máquinas e guarda-chuvas. Procuro retratar os objetos, sua relação com os demais, e os espaços em que eles estão inseridos através de uma investigação gráfica que procura as densidades diversas da luz da cena e dos materiais do desenho.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Curso: Geografia
Título: Sertão ancestral
Subcategoria: Fotografia
No agreste de Pernambuco são encontradas pinturas rupestres feitas por povos primitivos. Preservadas pelo clima seco da região atravessaram milênios para chegar até os dias de hoje como vestígio, documento, arte e mistério.