
“Em sua edição 2018, o Nascente USP recebeu mais de duzentos e trinta trabalhos de diversos gêneros, na categoria Texto. A maior parte das produções encaixa-se na modalidade Poesia, o que assegura a amplitude de temas, a variedade de estilos e múltiplas formas de composição. Dentre os textos em Prosa, chama a atenção o maior número de peças teatrais, comparativamente às edições anteriores.
Para este Júri a tarefa não foi simples. A complexidade da tarefa deveu-se especialmente à responsabilidade de ajuizar a maior ou menor qualidade de numerosos textos, o que implicou considerar critérios objetivos e uniformizados pela comissão. Tais critérios amparam-se em aspectos relacionados à estética, à temática e ao manuseio dos gêneros, tanto literários quanto jornalísticos.
Alguns textos destacam-se por traços de erudição; outros, pelo consórcio entre os vários registros da linguagem. Também há aqueles cujos autores pautaram a criação por enredos mais envolventes, a cumprir os princípios da boa obra ficcional, em respeito à verossimilhança.
Os conceitos sistematizados desde a Antiguidade, como peripécia e reconhecimento, continuam a valer para os escritores e leitores de nosso tempo. Da mesma forma, as categorias de ação, tempo e espaço continuam privilegiadas e foram alvo de análise por esta Comissão.
No universo ficcional, seja em prosa, seja em verso, importa lembrar que narrador e eu-lírico não se confundem com o autor – sujeito inscrito em outra ordem, cuja concepção de mundo, por vezes, comporta menor lógica que a de seus aedos, narradores e personagens.”
Todos os anos o concurso abre espaço para a participação de estudantes de pós-graduação nas áreas das artes e da crítica acompanharem os trabalhos das Comissões Julgadoras do Nascente USP.
Abaixo publicamos o texto do estudante Lucas Zaparolli de Agustini que pode acompanhar de perto as reuniões do Júri.
Unidade de ensino: Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU)
Curso: Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Subcategoria: Poesia
Conjunto de poesias que exploram o espaço como ator fundamental da experiência vivida. Espaço urbano, pessoal, dentro, fora, abrigar, habitar, limitar, são alguns dos temas abordados.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Filosofia
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Um conjunto de quatro contos constitui a autoficção de ser gêmeo do autor. Adentrando na sua relação distante com seu irmão, por meio da ficção se procura mostrar possibilidades onde isso seja retratado de maneira fantástica ou que mostre causas imperceptíveis e inexplicáveis em que isso seja de fato irremediável.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Aos 92 anos, João Damião decide pedir o divórcio e viajar para conhecer o mundo. Sem receber notícias oficias do velho, a família escuta e conta histórias a respeito de suas aventuras, que começam a mexer com a vida da pequena cidade em que vivem.
Unidade de ensino: Programa de Pós-graduação Interunidades em Integração da América Latina (PROLAM)
Curso: Doutorado
Subcategoria: Poesia
Trata-se de uma espiral poética enumerada de 1 a 42 e de 42 a 1, cujos eixos estruturantes se dão, primeiro, em torno dos pavores humanos, marcantes especialmente na contemporaneidade e de modo peculiar nos grandes centros urbanos.
Os nomes das fobias selecionadas prestam-se, no texto, a intitular cada volta-poema da espiral poética, só compreendida na plenitude, a última, se lida na totalidade, embora cada poema mantenha sua autonomia; o segundo eixo estruturante gira em torno do símbolo (estilhaçado ou não) do espelho, como vetor de duplos, narcisismos, autocomiseração e replicações infinitas; e o terceiro em torno da alegoria do caracol (e os correlatos lesma e caramujo), que reforça a sugestão de circularidade dada pela imagem da espiral e do espelho. Para cumprir essa intenção, o texto apresenta grande alternância de ritmos, métricas e rimas (ou falta deles), literalidades, literariedades, oralidades, sínteses, verborragias, paráfrases, intertextualidades, narratividades, fronteiras de gêneros, limites entre palavra e imagem e diversidade de fôrmas textuais, como fábula, diálogo, parábola, soneto, haicai, écloga, trova, vilancete, entre outros, cada qual procurando atingir um determinado objetivo no interior de partes maiores nas quais as espirais se agrupam.
O sentido buscado é a figurativização dos diversos caos, desequilíbrios, ridículos, agudezas, sutilezas, desatinos e alucinações interiores e exteriores que vêm caracterizando o comportamento humano em geral e o dos brasileiros de forma bastante específica, sobretudo depois das manifestações de 2013, quando acentuou-se no país uma divisão social radical antes esboçada.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Em quadras e redondilha maior, mistura ficção e não ficção para contar a história de Elizabeth Altino Teixeira, líder camponesa nordestina e seu marido, hoje considerado Herói Nacional.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Coleção de sete poemas cuja temática gira em torno da ideia de adequação social e do sentido que se pode dar à própria existência, e o quanto ela está ligada à presença da alteridade. Três dos poemas dialogam com a tradição poética nacional, especificamente, com Carlos Drummond de Andrade e Augusto dos Anjos. Do ponto de vista formal, trata-se de poesias em verso livre e que privilegiam o ritmo frasal.
Unidade de ensino: Faculdade de Direito (Sanfran)
Curso: Direito
Subcategoria: Crônica
Uma descoberta: um sistema de linguagem em que a unidade mínima de sentido é o nada, o vazio. Surge daí a vontade de reestruturar a sintaxe de um cérebro em depressão, construindo sua percepção do mundo a partir daquilo que não se viveu.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Série de poemas derivada do Canto XII da Odisséia de Homero, quando o barco de Ulisses passa pelas sereias. Em meio a insinuações, ofensas e revelações ao navegante atado ao mastro, elas cantam o amor, a morte, a política e o destino dos homens.
Unidade de ensino: Museu de Arte Contemporânea (MAC)
Curso: Doutorado em Estética e História da Arte
Subcategoria: Dramaturgia
A peça Protocolo é composta por um apanhado de micro-histórias em que vemos tentativas de controlar a vida, com suas subsequentes contradições, limites e esgarçamentos.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Satélite é um conjunto de trinta poemas que orbitam imagens cotidianas (objetos de uma casa, um armário, um vestido). Eles tentam tocar pessoas e eventos passados, fazendo isso de modo indireto.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Diante do genocídio e apagamento (ainda em curso) sofridos pelos povos originários, como narrar tal violência? Esta é a inquietação de Tons da Terra, onde o indígena nascido em contexto urbano busca sua identidade negada pela sociedade brasileira.
Unidade de ensino: Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC)
Curso: Doutorado em Ciência de Computação e Matemática Computacional
Subcategoria: Poesia
Trata-se de uma coletânea de 5 poemas (2 sonetos, 2 textos livres e uma quadra). Eles falam sobre paixão, amor, desejo, beleza e neve. O primeiro poema, denominado Assim, fala da urgência de uma paixão. O poema Ciclo aborda o fim dos relacionamentos e o começo de novos. O poema Neve transmite a alegria em se ver a neve pela primeira vez. O poema Sinestisa fala da beleza do amor e da paixão. Por fim, o poema You, escrito em Inglês, fala da beleza de uma mulher e preza pelo formato das frases. Eles compreendem a coletânea poemas de fogo (Assim, Sinestesia e You) e de gelo (Neve). O poema Ciclo aborda sucintamente ambas as temáticas.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Filosofia
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Raphael está prestes a descobrir que uma verdade secreta, inscrita em seu corpo, é a razão de seus namoros não vingarem. Conto de ficção científica que ilustra os perigos da falta de privacidade genética, já visíveis no horizonte de nosso mundo real.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Mestrado em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês
Subcategoria: Crônica
A crônica Redação apresenta pensamentos e diálogos indiretos livres, frutos da escolha da obra “O Cortiço” para leitura obrigatória na disciplina de Literatura. Os pensamentos da narradora-personagem sobre a escolha do livro refletem sua vivência na periferia de Belo Horizonte e as boas lembranças vividas em sua infância. Ainda na fase adulta, o diálogo com a professora de literatura da época é retomado por meio da vontade de reescrever a redação escolar de uma forma mais poética e ao mesmo tempo crítica em relação à (im)possibilidade de se tratar essa temática dentro de um conto de fadas.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP)
Curso: Pós-graduação em Psicologia
Subcategoria: Crônica
Crônica narrada em primeira pessoa, em que a personagem busca a si mesma, fazendo uma analogia com a obra Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: História
Subcategoria: Crônica
A rotina, muitas vezes, reflete a verdadeira imagem de uma sociedade. Em flashes de luz, o esclarecimento vem e nos atormenta na volta para nossas casas. Torna-se fundamental olhar ao nosso redor e, a partir da compreensão, questioná-lo.
Unidade de ensino: Faculdade de Direito (Sanfran)
Curso: Direito
Subcategoria: Prosa ficcional – romance
Com influências que vão do éthos interiorano de William Faulkner à coloquialidade de Louis-Ferdinand Céline, passando e repassando pelo melodrama político de Manuel Puig, Um sol amarela girafa é um romance em primeira pessoa que busca, a partir da voz de uma jovem migrante inculta, solitária e sonhadora isolada no interior do Brasil, retratar o período da ditadura militar e refletir, entre outras coisas, sobre compromisso ideológico e alienação, 152 páginas.
Unidade de ensino: Instituto de Física (IF)
Curso: Bacharelado em Física
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Descrição em primeira pessoa de um possível processo futuro de transmigração de personalidade, no qual mente e memórias de uma pessoa são copiados na íntegra para o cérebro de um organismo clonado dele, com o objetivo de prolongar sua existência num corpo novo, descartando o corpo velho e gasto original…
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Comunicação Social
Subcategoria: Poesia
Sem descrição.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Sociologia
Subcategoria: Poesia
Coleção de meus primeiros versos, escritos entre setembro de 2017 e julho de 2018. Os versos emergiram de uma travessia de separação e reencontro.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Durante um terremoto é um livro em trânsito.
Os poemas e foram escritos entre São Paulo e Santiago do Chile – onde a proponente realizou um intercâmbio com bolsa concedida pela Universidade de São Paulo -, traçando uma linha do tempo que se encerra no retorno ao Brasil. O amor, a geografia, o estrangeiro, a linguagem e a literatura são eixos que norteiam o livro e geram questionamentos.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Artes Visuais
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Cérebro Azul segue um dia na vida de Marina, uma robô em forma de pessoa que se sente alienada numa cidade de humanos e tenta entender sozinha o que se passa em sua própria cabeça.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Doutorado em Artes Cênicas
Subcategoria: Dramaturgia
A dramaturgia parte de uma suposta palestra sobre as representações da Virgem Maria e do jogo de “dramatização” de memórias e sonhos, para investigar o mito da abnegação feminina e do corpo da mulher como receptáculo.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Dramaturgia
Uma mulher e um homem divagam sobre suas fantasias de fugir para o Brasil em meio a um bombardeio na Síria.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
O texto disserta sobre as ondas de desespero que permeiam, ocasionalmente, o cotidiano.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Conjunto de poemas inéditos, elaborados a partir da minha experiência de leitura e vida. Pautado pela experiência Surrealista e traçando os caminhos do erotismo, do delírio e da morte.
Unidade de ensino: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Curso: Mestrado em Teoria e Prática do Teatro
Subcategoria: Prosa ficcional – romance
Apresenta-se o primeiro fragmento do romance Sudeste, em corrente processo de ficção. Nele, desenvolve-se a trajetória da família Ribeiro ao longo de três gerações, entre os anos de 1945 e 2011. Razoavelmente autônomos, os fragmentos, e sobretudo este primeiro, podem ser lidos em separado sem prejuízo de sentido. Acrescenta-se, a esse respeito, somente que os acontecimentos em questão situam-se nos arredores da cidade de Muzambinho, em Minas Gerais, no ano de 1959. Essa informação, ausente no texto, encontra-se indicada na página que abre a primeira das três partes do livro, “Madalena”, que tem o nome da filha do casal insinuado no fragmento anexo.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Ciências Sociais
Subcategoria: Reportagem
Partindo da impactante imagem da Igreja do Rosário cercada pelos desabrigados do edifício Wilton Paes de Almeida, o repórter flana pelo centro de São Paulo em busca de outros prédios históricos sufocados pelo ritmo e crescimento da metrópole.
Unidade de ensino: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)
Curso: Medicina
Subcategoria: Crônica
Um texto que aborda a realidade de uma menina não contente com a realidade e sociedade atual.
Unidade de ensino: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)
Curso: Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
Subcategoria: Crônica
A crônica é uma reflexão sobre a pequena obsessão do autor, as histórias passadas em prisões. Ao evocar O Conde de Monte Cristo, Carandiru e Papillon, surge a necessidade de guardar cenas cotidianas como “reserva” para a solidão da prisão – um passeio pela rua, o mergulho numa cachoeira, uma paixão.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Poemas muito distantes da excelência (ou areté) homérica ainda que resgatem algum tema, algum mito, e alguma vivência cotidiana de personas poéticas, paixões, erros… a natureza humana, esparsa e falha.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Poesia
Três poemas que pensam o poeta, a poesia e seus caminhos.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Prosa ficcional – conto
Conto em três cenas, com focos narrativos distintos: um pombo, admirador de pessoas, que morre por sua curiosidade; o monólogo interior de um homem, sobre política e espetinhos; e um menino que volta da escola.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Dramaturgia
O último dia do poeta grego Eurípides. Com seu amigo na Macedônia, ele rememora sua trajetória de tragediógrafo e enfrenta a oposição de um poeta macedônio. O que acontece quando um poeta vive a época de ouro da Grécia, mas vê sua obra mal compreendida e renegada pelos seus contemporâneos? Texto dramático destinado à cinematografia de curta-metragem.
Unidade de ensino: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Curso: Letras
Subcategoria: Crônica
Terceira parte do meu livro “Pequenas ficções de memória”, lançado em abril de 2018, pela Editora Patuá, que conta com crônicas-contos acerca da vida de mulheres negras em São Paulo e suas reflexões sobre o cotidiano.