Há quem possa pensar que as universidades existem para formar profissionais e produzir conhecimento. Não – e, no caso da universidade pública, menos ainda. Ainda que, sim, formemos excelentes profissionais das mais diferentes áreas e, sim, produzamos elevado conhecimento dos campos mais variados, isso, por mais que muito seja, é pouco. Porque o sentido maior da universidade – das públicas, ao menos – está na sua interlocução com a comunidade, no seu interesse pelas coisas públicas, no seu trabalho constante em função da população. E é justamente a extensão universitária – de forma integrada com os esforços de pesquisa e as atividades de ensino – que representa esse dar-se da universidade àquilo que lhe dá razão de existir: a sociedade.
Este é, então, o grande valor do Nascente USP, iniciativa admirável e que deve ser sempre valorizada, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU-USP): envolver os estudantes da nossa universidade na produção cultural mais sensível, criativa, inovadora e propositiva, reforçando esse vínculo da instituição acadêmica com a sociedade, entendendo que isso também passa pela emoção, pela fruição e pelo talento.
Nesse sentido, a categoria Design se revela especialmente interessante e relevante, não por ser o design mais ou menos importante do que qualquer outra produção cultural promovida pelo Nascente (quem haveria de dizer que música e poesia, por exemplo, podem ser menos imprescindíveis a todos nós, sobretudo nestes tempos?); mas por ser o design a expressão que talvez melhor conjugue os sentidos que forjam as ações de extensão da universidade: o irresistível da beleza plástica mais tocante, o urgente das soluções aplicadas mais inteligentes e o indispensável dos valores sociais mais responsáveis.
Eis aí também, de alguma forma e em linhas gerais, os critérios de que nos valemos, os membros da comissão julgadora, para chegar à lista dos trabalhos classificados, ao rol dos projetos finalistas e aos nomes dos grandes vencedores. Foram considerados: aspectos estéticos, tenha sido na forma de apresentação do produto ou na solução em si oferecida; elementos projetuais, compreendendo aqui também pesquisa, desenvolvimento e explicitação do processo; e questões socioculturais, priorizando o que também expressasse senso de pertinência e adequação com o nosso tempo.
O orgulho e a satisfação são sentimentos que brotam do processo avaliativo de todos os projetos inscritos. Por mais que o mister seletivo e o ato classificatório nos sejam obrigatórios – afinal, estamos em um prêmio –, a totalidade dos projetos, pela grande quantidade, é para nos orgulhar, pelo esforço que isso representa no contexto universitário contemporâneo. A qualidade da grande maioria dos trabalhos apresentados, pelo alto nível, é para nos encher de satisfação, afinal a excelência é também um valor a ser perseguido. O desafio está justamente em se chegar aos vencedores. É desafio grande, mas que se torna menor frente à constatação de que, mesmo diante da ameaça, em meio à escassez, apesar da precariedade, e talvez até por conta das inúmeras adversidades, resistimos, como universidade, contando com o que temos de melhor: nossa capacidade criativa, baseada na sensibilidade, na razoabilidade e na competência.

Bruno Pompeu, Giorgio Giorgi, Leandro Velloso