Vejo hoje uma cidade deselegante, abandonada, sem segurança, onde os monumentos retratam uma época que a atual população não se importa mais, pois muitos já perderam a sua identidade e referência com a História.
Já se passou quase um ano e fiz sem saber o registro do último carnaval de rua, onde todos brincavam ao som das bandinhas, com direito a chuva de confetes e serpentinas, em pleno fev2020. São imagens tão lindas e emocionantes. Eu não podia nem imaginar o que estava por vir dias após.
Agora de uma janela do apartamento em frente para o mar, sem poder descer até a praia, lembro da canção onde dizia da inútil paisagem, se nada mais nos é permitido, pra que tanto céu, pra que tanto mar.
Outro aspecto que também me chamou a atenção, eu que trabalhei muito no centro de São Paulo, é o abandono dos prédios tomados pelos órgãos públicos e largados sem nenhuma conservação e onde ainda resiste uma bandeira brasileira rasgada pelo vento, como a desafiar o descaso e fixar que ainda é território nacional.
A imensa vontade de sair e voltar a fotografar. Uma angústia, pois muitos fatores agora impedem de sair. Não há mais os grupos fotográficos. Todos estão reclusos e outros já partiram, vitimados pela pandemia. O próprio centro da capital já vazio e tomados pela falta de segurança que é outro perigo maior. Continuo esperançoso no futuro melhor.
