
Se tem uma coisa de que não se deve duvidar é da capacidade que o design tem de expressar os sentidos, as emoções e os valores que pairam em uma determinada época. Sendo uma atividade humana que, como poucas outras, perpassa a sensibilidade perceptiva, a reflexão conceitual, o esforço técnico e a produção criativa, o bom design é sempre a síntese de um contexto, é sempre o extrato de um dado instante.
Os trabalhos inscritos na categoria Design na edição deste ano do Nascente USP, antes de serem propriamente projetos de estudantes que almejam o ofício de designer, são genuínas e provavelmente involuntárias manifestações das transformações profundas por que vêm passando o corpo discente e, consequentemente, o espírito desta universidade. Se não chegam a antecipar de forma mais explícita os dias de contenda que temos sido todos obrigados a enfrentar – e que bom seria ou vai ser se, na ocasião desta exposição, as animosidades e os enfrentamentos já puderem ter sido substituídos pela mútua compreensão e pelo diálogo –, revelam em que direção corre o sangue que circula pelas veias da universidade, mostram em que ritmo pulsam os corações e em que frequência vibram os cérebros de nossos alunos.
Nossos alunos, no íntimo e no sonho, miram o longe, enquanto, na prática e no cotidiano, querem tocar o imediatamente próximo. Nossos alunos têm preferido o urgente da causa ao belo da forma, o bem do ativismo político ao bom do apuro técnico, o ímpeto prescritivo e corretivo ao princípio da reflexão ou à possibilidade da experimentação. São nossos alunos, são filhos destes tempos, gerados do amálgama sólido de novas tecnologias digitais, novas configurações sociais, novos regimes econômicos, novas perspectivas culturais, novos paradigmas existenciais. São também, em alguma medida, o que dissemos a eles para ser, na condição de nossos estudantes e aprendizes.
Quem acompanha a categoria Design do Nascente USP há mais tempo há de reconhecer uma certa perda de qualidade geral nos trabalhos enviados – um certo menosprezo pela cultura de projeto, pelo esmero técnico, pela boa apresentação, pela argumentação fundamentada. Tudo isso, no que nos cabe como julgadores, vai de uma breve lamentação à necessária compreensão, culminando no desafio de sempre escolher os melhores. Nossas escolhas, como já se vinha fazendo, tentaram se pautar no equilíbrio, procurando destacar e premiar os projetos que conjugaram, da forma mais ponderada possível, as preocupações mais legítimas e urgentes de nosso tempo com o melhor desempenho técnico, dentro do que se espera de um estudante. Que tenham vencido os melhores e que, no fim, possamos todos nos sentir vencedores.
Bruno Pompeu, Giorgio Giorgi, Leandro VellosoYagi
YAGI stool é um mobiliário projetado para ser leve e manuseável como um banquinho. Criado a partir da simplificação formal das características animais e do trabalho consciente sobre a madeira: torneamento de madeira de poda para os pés e o uso do compensado para o assento. Sugestivamente esse design se propõe como um divertido e seguro assento para crianças e adultos.
Orquestra para a criançada
O kit Orquestra para a Criançada foi desenvolvido como projeto educacional para enriquecer a experiência das crianças nas visitas aos Concertos Didáticos da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (OSUSP). Composto por um folheto e um jogo de memória, o kit tem como objetivo principal ensinar as crianças sobre os instrumentos da orquestra, seu manuseio e sua disposição espacial nos concertos. O folheto apresenta as classificações dos instrumentos e explica por que são definidos dessa forma. O verso contém uma ilustração da disposição da orquestra, colorida de acordo com os grupos, podendo servir como pôster. O kit é entregue à criança para levar para casa como lembrança da visita e compartilhar com amigos e familiares, aumentando o interesse pela OSUSP e potencialmente expandindo o público-alvo.
Osusp: Acesso à informação; ICr: wayfinding
O projeto buscou reestruturar o fluxo de informações da OSUSP, a Orquestra Sinfônica da USP, resultando em uma proposta de site para a OSUSP que melhoraria o acesso à informação dos usuários, além de facilitar a captação de novos públicos. O site foi concebido para oferecer uma experiência mais eficiente e envolvente, com informações claras e atualizadas sobre os eventos promovidos pela orquestra.
O Instituto da Criança e do Adolescente (ICr) do Hospital das Clínicas reúne 20 especialidades pediátricas e oferece atendimento médico para recém-nascidos, crianças e adolescentes. A complexidade de andares, salas e especialidades torna-se difícil de ser compreendida devido a uma comunicação visual confusa. O projeto propõe um sistema de sinalização que auxilia pacientes, acompanhantes e funcionários a chegarem onde desejam por meio de uma sinalização clara, eficiente e acolhedora.
Azo: de onde vem a sua fome?
Este brandbook representa um trabalho acadêmico que apresenta a plataforma Azo, um serviço de delivery de refeições inovador, focado em fornecedores refugiados. A plataforma é cuidadosamente projetada para atender às necessidades específicas desses fornecedores, oferecendo uma experiência excepcional. Neste trabalho, exploramos os conceitos fundamentais da marca, suas aplicações criativas e destacamos a importância significativa que ela desempenha nesse contexto.
Poltrona hospitalar de acompanhante
Poltrona de lógica modular pensada para acomodar acompanhantes de pacientes hospitalares, com manutenção e higienização facilitada.
Nosso Prato
Nosso Prato é um projeto de identidade visual de uma linha de produtos projetada para a possível implantação das cozinhas solidárias como projeto de lei no Brasil.
Composto por um jogo de pratos, tigela, caneca e copo, panos de prato e fardamento das cozinhas, cartazes de divulgação e azulejo, o conjunto de produtos definido pretendia atender as principais necessidades das cozinhas.
O projeto deveria ter como base o conceito de solidariedade e a imagem de alimentos, com sua elaboração baseada nas pesquisas e visitas de campo à cozinha do MTST, na Sé, em São Paulo. A partir desse partido, a ideia era compor estampas criadas com a técnica de rapport, dentro do limite estabelecido de quatro cores.