O dia internacional do direito à verdade recorda as graves violações de direitos humanos sofridas em regimes de exceção para que nunca mais se repitam
O Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP realiza no dia 24 de março, às 10h30, uma roda de conversa com as pesquisadoras Déborah Neves e Anaclara Volpi Antonini. As convidadas debatem sobre lugares de memória das ditaduras civil-militares na América Latina. A entrada é gratuita.
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 2010, o dia 24 de março como o Dia internacional para o direito à verdade sobre violações graves de direitos humanos e para a dignidade das vítimas. Inserida no calendário oficial brasileiro em 2018 pela lei 13.605, proposta pela deputada Luiza Erundina, a data recorda as graves violações de direitos humanos ocorridas em regimes de exceção instalados no passado em diferentes países.
O dia é reivindicado e evocado por movimentos de defesa dos direitos humanos e pelos grupos que pautam a luta pela memória, verdade e reparação às vítimas das ações e crimes cometidos pelos estados e governos no contexto das ditaduras civis-militares, “Para que nunca mais se repita e para nunca mais esquecer” (veja mais em: un.org/en/events/righttotruthday/).
Direito à verdade
A luta pela memória, verdade e reparação às vítimas de crimes cometidos pelos estados e governos nesse contexto colaboram para a construção de uma memória viva e crítica dos acontecimentos traumáticos de um passado ainda recente.
Locais que foram palco de atos de agressão, tortura e violação de direitos permanecem hoje como lugares de uma memória difícil e de consciência pela defesa dos direitos humanos e da cidadania. Lugares que demandam ações de salvaguarda e valorização para que não silenciem as memórias traumáticas que carregam. Quais são esses lugares? Por que não sabemos deles? Como lidar com eles e o que fazer com o que resta deles?
Esse é o tema do debate que trará as pesquisadoras Deborah Neves (Unicamp) e Anaclara Volpi Antoninni (USP), que apresentarão seus trabalhos de pesquisa ao público na forma de uma roda de conversa.
A atividade é parte do programa Domingo na Yayá, que desde 2004 abre a Casa da Casa de Dona Yayá para visitação e promove atividades gratuitas diversas uma a duas vezes por mês, com entrada gratuita. O objetivo é promover a divulgação científica e a aproximação entre o universo acadêmico e a sociedade. As conversas são uma oportunidade para conhecer os pesquisadores e seus objetos de investigação, além de proporcionar um espaço para debate e troca de conhecimento.
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Conversa com Pesquisadores
Programação
Deborah Neves
Patrimônio e memoriais da ditadura em São Paulo e Buenos Aires
A pesquisadora vai falar sobre a importância da preservação de espaços ligados às ditaduras recentes por meio do tombamento como forma de reparação simbólica e como parte da política pública internacional de memória e verdade. O foco principal serão as experiências das cidades de São Paulo e Buenos Aires, desde a década de 1980 até os dias atuais. Deborah Neves é especialista em Gestão do Patrimônio e Cultura pela Unifai, e especialista em História Recente pelo Conicet-CAyCIT Argentina, com mestrado em História Social pela USP, e doutoranda em História pela Unicamp. Atua como historiadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), vinculada ao Condephaat, desde 2010.
Anaclara Volpi Antonini
Intervenções e experiências de memorialização de lugares relacionados à ditadura militar em São Paulo
O tema é parte da pesquisa de mestrado que enfocou as homenagens ao operário Santo Dias da Silva no lugar de seu assassinato como intervenções que contrariam os processos de apagamento dessa memória e ressignificam o lugar com sua sinalização e apropriação. A pesquisadora falará também sobre a construção do objeto de pesquisa no contexto brasileiro e o modo como o desenvolvimento do tema nos âmbitos político e social influenciou o próprio processo investigativo. Anaclara Volpi Antonini é geógrafa e mestre em Geografia Humana pela USP. Realiza pesquisas sobre patrimônio cultural, memória, urbanização e lugares de memória relacionados à ditadura militar. Participa da Rede Paulista de Educação Patrimonial (Repep) desde 2013.
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Domingo na Yayá
CONVERSA COM PESQUISADORES
Quando | 24 de março, das 10h30 às 12h
Abertura da Casa de Dona Yayá: 10h às 13h
Entrada gratuita. Atividade aberta ao público em geral, sem necessidade de inscrição.
CPC-USP/Casa de Dona Yayá
Endereço: Rua Major Diogo, 353, Bela Vista – São Paulo – SP
Visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.