Pesquisadores de diversas áreas do conhecimento estarão reunidos nos dias 26 e 27 de outubro para discutir as dramáticas destruições do patrimônio cultural nas décadas recentes provocadas por desastres ambientais, falta de conservação e/ou dificuldades das políticas públicas
O Seminário “Destruições/construções: fragilidades, ameaças e ressignificação do patrimônio cultural” será realizado pelo Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC–USP), com apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU–USP), e acontecerá de forma presencial na Casa de Dona Yayá, em São Paulo. A particpação é gratuita, com inscrições on-line até 17 de outubro.
Flávia Brito, diretora do CPC–USP e professora da FAU–USP, comenta que é um evento inédito no Brasil que vai fazer uma abordagem original a partir de casos ocorridos em todo o país sobre esse tema tão urgente – a realidade das transformações e destruições ao patrimônio não é novidade, mas se agravou nos últimos anos. Como é o caso da privatização do Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, que resultou na demolição de parte do espaço de lazer tradicionalmente ocupado por camadas populares e das arquibancadas do estádio, causando grande comoção entre os paulistanos. O incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, de repercussão internacional, e as enchentes e deslizamentos em Minas Gerais foram temas amplamente noticiados que envolvem políticas de preservação e memória nacional, comprometidas pela precarização e sucateamento das instituições públicas nacionais de preservação. São perdas irreparáveis e processos de luto que levam à construção de novos sentidos para as materialidades que restam, os vazios que ficam.
Destacando casos de destruições e demolições, o evento vai refletir sobre os bens culturais, os sentidos das ausências, as identidades, afetos e valores mobilizados pelos moradores, gestores e usuários em seu sentido mais amplo, de monumentos ao patrimônio popular, de consagrados a desconsiderados. Para tanto foram convidados pesquisadores de áreas como antropologia, história, geografia, museologia e arquitetura para discutir em múltiplas dimensões as perdas e os significados do patrimônio, a gestão aos inventários, as soluções e os significados, afetos e memórias presentes nos vestígios e fragmentos, e, finalmente as completudes e ausências das novas materialidades após as perdas.

Incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro em 2 de setembro de 2018. (Felipe Milanez/ Wikimedia Commons)
Programação
26 de outubro (quarta-feira)
14h00 – Abertura
14h15-16h30 – Mesa 1
Museus, destruições, construções: estratégicas de valoração, resistências e resiliências
Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) – Museu Nacional
Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central) – Museu das Remoções
Gleyce Kelly Heitor (Oficina Francisco Brennand) – A luta e a memória: Museu da Linha do Coque
Anita Almeida (UniRio) – A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional
Mediação: Renato Cymbalista (FAU–USP)
16h30-16h45 – Intervalo
16h45- 18h30 – Mesa 2
Patrimônio, apagamentos e ressignificações: apagamentos causados por políticas públicas, acidentes e traumas
Simone Scifoni (USP) – Parque do Povo, a destruição de um patrimônio
Leonardo Castriota (UFMG) – Patrimônio e direitos humanos: a ação do ICOMOS no caso de Bento Rodrigues
Cristina Meneguello (Unicamp) – Destruição e reconstrução em Assunção, Paraguay
Flávia Brito do Nascimento (FAU–USP) – Patrimônios populares, patrimônio moderno e a questão da moradia
Mediação: Deborah Neves (UPPH)
18h30-19h – Intervalo
19h00-20h30 – Mesa 3
São Paulo, coletivos e preservação: a ação dos coletivos que atuam na luta contra a destruição de bairros e pela preservação do patrimônio da cidade de São Paulo
Movimento Pró-Pinheiros
Coletivo Chácara das Jabuticabeiras
GT Brasilândia Ó da Repep
Coletivo Salve Saracura
Coletivo Ururay
Mediação: Nilce Aravecchia-Botas (FAU–USP)
27 de outubro (quinta-feira)
10h-12h00 – Mesa 4
Centros históricos, desastres e políticas: desastres ambientais recentes nas cidades coloniais tombadas, discutindo as estratégias de gestão, memória e reconstituição
Renata Allucci e Maria Cristina Schicchi (Pucamp) – São Luiz do Paraitinga: o rio e os cenários pós-enchente
George da Guia (Iphan) e Ana Clara Gianecchini (UnB) – O Casarão de Ouro Preto entre deslizamentos e normativas
Nivaldo Andrade (UFBA) – Centro Histórico de Salvador, fragilidades crônicas e agudas
Mediação: Maria Lucia Bressan Pinheiro (FAU–USP)
12h-14h00 – Intervalo
14h-16h30 – Mesa 5
Metrópoles, demolições, valorações: os embates de preservação urbana, o lugar do cotidiano e dos monumentos, a luta pela preservação e os embates no legislativo e nos órgãos de preservação, diante do planejamento e das políticas de gestão
Fernando Atique (Unifesp) – Escombros Memoriais, Relíquias Documentais, Vívidas Consequências: o papel da demolição do Solar de Monjope no Rio de Janeiro dos anos 1970
Eneida de Almeida (Universidade São Judas) – O Bixiga entre a pressão do mercado imobiliário e as mobilizações pela preservação do patrimônio cultural e ambiental
Mariana Tonasso (Unaso), Claudia Muniz (FAAP) e Mariana Kimie (Repep) – Está tudo dentro da lei: uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo
Silvio Oksman (Mackenzie) – O Estádio do Pacaembu
Mediadora: Andrea Tourinho (Universidade São Judas)
16h30 – Encerramento
DESCONSTRUÇÕES/CONSTRUÇÕES: FRAGILIDADES, AMEAÇAS E RESSIGNIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
Evento presencial
Data: 26 e 27 de outubro
Local: Centro de Preservação Cultural da USP / Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo
Inscrições grátis até 17/10: https://bit.ly/3ygSJCV
Vagas limitadas
Organização
Centro de Preservação Cultural da USP / Casa de Dona Yayá
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária
Universidade de São Paulo
Apoio
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP