As exibições grátis de Faces do Abismo podem provocar incômodo e até inconformismo com o destino inconclusivo das obras
Por Fabio Rubira
Em cartaz no Cinema da USP (Cinusp) até 27 de agosto, a mostra Faces do Abismo apresenta filmes, por exemplo, em que os personagens são confrontados com problemas que não podem ser solucionados. Há também o “vazio existencial, em um mundo onde fugir é inútil ou impossível”. Assim, o que resta é “encarar a violência, o terror e um mundo sem histórias resolutas, com uma expressão esvaziada”.
A curadoria ainda define o abismo, nesse sentido, como “um limite narrativo que os diretores estabelecem para as histórias que serão contadas”. Tudo com interpretações recorrentes em que os semblantes são “vazios, distantes e desolados”.
[yotuwp type=”videos” id=”MlEYmExprDo” ]Em “A Aventura“, o cineasta italiano Michelangelo Antonioni usa silêncios, diálogos lacônicos, planos longos e um final inconclusivo para criar uma nova abordagem, considerada extremamente radical, da construção narrativa no cinema.
“Alemanha, Ano Zero“, de Roberto Rossellini, acompanha o vagar de um menino pelas ruas de Berlim completamente destruída após a Segunda Guerra Mundial. Em casa, a vida familiar é marcada pela doença do pai e a decadência dos irmãos.
Em “Nostalgia“, de Andrei Tarkovski, um poeta russo viaja para a Itália para pesquisar a obra de um compositor conterrâneo. A saudade de casa e as lembranças da infância aumentam as angústias do personagem.
Já em “São Paulo Sociedade Anônima“, de 1965, um trabalhador da indústria automobilística personaliza a agonia da metrópole, em meio à repetição e o ritmo frenético das máquinas.
As datas e horários de exibições, além da programação completa, podem ser conferidos aqui.
Veiculado na edição de 10/08 do programa Cultura na USP na Rádio USP.
Serviço
As sessões de Faces do Abismo são gratuitas e abertas ao público em geral.
As exibições são feitas de segunda a sexta-feira, às 16 e às 19 horas, na nova sala no Centro Cultural Camargo Guarnieri, no campus Butantã da USP, na zona oeste. E aos sábados e domingos, às 16 e 18 horas, no Centro Maria Antonia, na Vila Buarque, região central da capital.
A programação diária completa pode ser conferida em www.usp.br/cinusp.