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Vozes múltiplas discutem na USP a situação das mulheres na sociedade

Vozes múltiplas discutem na USP a situação das mulheres na sociedade

Comunicação - PRCEU - 09/03/2021

Evento reuniu debatedoras de várias áreas que apresentaram suas experiências e trajetórias profissionais e de vida

Por Fabio Rubira
9/3/2021 16h40

O Dia Internacional da Mulher foi celebrado e debatido na Universidade de São Paulo no último dia 8 de março através de diversos eventos. Entre eles, um simpósio plural e representativo promovido pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU). A discussão on-line, com o tema “Mulheres, Poder e Sociedade”, acolheu contribuições femininas em diversas áreas.

Maria Aparecida Moreira Machado Pro Reitora De Cultura E Extensao Universitaria Da UspA pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, introduziu a discussão com a constatação de que “as mulheres estão sendo exigidas muito mais” durante a pandemia de covid-19. Ela destacou as “condições, capacidade e a sensibilidade que só a mulher tem de ser multitarefa”. Margarida Maria Krohling Kunsch Pro Reitora Adjunta De Cultura E Extensao Universitaria Da Usp

Coordenadora do evento, a pró-reitora adjunta Margarida Maria Krohling Kunsch ressaltou “o quanto ainda é preciso avançar para uma maior igualdade de direitos e respeito em todas as esferas sociais, políticas e econômicas”.

Ao detalhar suas origens nordestinas em participação no painel “Mulheres, ciência, cultura e artes” a cientista Vanderlan Bolzani afirmou que “nós mulheres podemos, mas poderemos muito mais quando não existir barreiras no mundo”. Professora do Instituto de Química da Unesp em Araraquara e presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), ela acredita que a missão de “desmontar essas barreiras” cabe a “homens e mulheres unidos, construindo um mundo melhor para as futuras gerações”.

A geneticista Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da USP, ofereceu um contraponto ao considerar que “muitas mulheres foram educadas com a ideia de que as mulheres são inferiores e ficaram marcadas por isso”. “Confesso que nunca me senti discriminada no meio científico por ser mulher”, afirmou. “Me pergunto se, algumas vezes, não é a própria mulher que tem medo de ousar”, instigou.

Painel Mulheres Ciencia Cultura E Artes

Painel – Mulheres, ciência, cultura e artes. Acima, da esquerda para direita: Mayana Zatz e Liede Bernucci. Abaixo da esquerda para direita: Vanderlan Bolzani, Regina Silveira e Esmeralda Ribeiro.

“Não quero dizer que a culpa é nossa. Porque não somos culpadas. Essa palavra é horrível até”, ponderou a escritora e jornalista Esmeralda Ribeiro. A especialista em literatura negra condenou os crimes contra mulheres. “É como se falasse que o feminicídio acontece porque as mulheres permitem”, rechaçou. “A gente está aqui com um monte de cientistas. Mas são poucas as mulheres negras ainda. Isso é um fato. Estamos onde? Na margem da pobreza.”

Artista multimídia e professora do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da USP, Regina Silveira acrescentou que a discriminação do gênero feminino “é histórica, é cultural e tem essa base social”. 

Ao abrir o painel “Mulheres na política, nos movimentos sociais e no mundo do trabalho”, a vereadora paulistana Erika Hilton, do PSOL, defendeu os direitos humanos, a população negra e a comunidade LGBTQIA+. “A nossa vida na sociedade não é uma vida fácil. São inúmeras batalhas que travamos em nosso cotidiano para chegarmos até aqui. Mas nada disso fez com que a gente sentasse em um lugar de sofrimento”, refletiu. “Somos nós, as mulheres, que estamos na condução e dirigindo esse processo de construção de um novo marco civilizatório.”

A atriz, artista de dança e empreendedora social Gal Martins completou que “estarmos vivas é nossa maior desobediência”. Ela refletiu sobre como é viver “à margem, em um processo de sermos lançadas o tempo todo para fora”.

Painel Mulheres Na Política Nos Movimentos Sociais E No Mundo Do Trabalho

Painal: Mulheres na política, nos movimentos sociais e no mundo do trabalho. Acima, da esquerda para direita: Gal Martins e Ana Lúcia Duarte Lanna. Abaixo, da esquerda para direita: Erika Hilton, Soraya Chung Saura e Luiza Helena Trajano.

“Uma das coisas que aprendi muito é não ter dó de mim”, declarou Luiza Helena Trajano. A presidente do conselho da rede Magazine Luiza ressaltou o histórico de empreendedora a partir de uma trajetória familiar com bases femininas. E defendeu a “mulher periférica”, aquela que “sai de casa às 5 da manhã, volta às 10 da noite e ainda tem que fazer o trabalho de casa”.

Já a professora Soraya Chung Saura, do Departamento de Pedagogia do Movimento do Corpo Humano da Escola de Educação Física e Esporte da USP, lembrou das vítimas da covid-19 no Brasil. “Essa tragédia que nos acomete, tantas vezes individual, nesse caso é, sobretudo, coletiva. E afeta, de forma dramática, especialmente as mulheres.” Ela discutiu ainda sobre o “assédio sexual como motivo de exclusão” e ressaltou o papel da Universidade no combate a esse crime.

O Simpósio “Mulheres, Poder e Sociedade” foi aberto pelo reitor da USP Vahan Agopyan, que saudou o 8 de março como “um dia de reivindicação dos direitos em que as mulheres estão sendo furtadas”. O vice-reitor Antonio Carlos Hernandes acrescentou ser “preciso avançar muito mais”. Já a coordenadora do Escritório USP Mulheres, Maria Arminda do Nascimento Arruda, citou a “baixa representação das mulheres nas estruturas decisórias do Estado brasileiro”.

O simpósio, com moderação das professoras Liede Bernucci, diretora da Escola Politécnica, e Ana Lúcia Duarte Lanna, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, foi acompanhado ao vivo por cerca de 1.300 pessoas e está disponível na íntegra no canal da PRCEU no Youtube, ou abaixo:

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