Eventos reuniram representantes da USP, Unesp e Unicamp para discutir a atuação universitária junto à sociedade e a importância da extensão na formação acadêmica
Por Isabella Zanelli*
Publicado originalmente no Caderno de Cultura e Extensão do Jornal da USP em 17/06/2025
Nos dias 16 e 17 de junho, a USP realizou dois seminários para debater a importância da extensão universitária. O primeiro evento foi realizado no Museu do Ipiranga, o terceiro de uma série realizada em parceria com a Unesp e a Unicamp, que buscou abordar as métricas para a área e fortalecer a articulação entre as três universidades públicas paulistas em torno das políticas extensionistas. Em 17 de junho, o evento realizado no auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana, foi voltado para profissionais da USP e teve como objetivo principal refletir sobre os desafios da curricularização da extensão.
O primeiro seminário contou com a presença de cerca de 200 profissionais de diferentes áreas da cultura e extensão. A abertura do evento teve a participação da vice-diretora do Museu Paulista, Maria Aparecida de Menezes Borrego, e dos pró-reitores de Cultura e Extensão Marli Quadros Leite, Raul B. Guimarães e Sylvia Furegatti, da USP, Unesp e Unicamp, respectivamente. Sylvia comentou sobre o momento atual da extensão no meio acadêmico. “A extensão nessa dimensão é capaz de mobilizar temas e problemas que traduzem com muita nitidez à relação da universidade pública e a sociedade”. O pró-reitor da Unesp complementou. “Espero que com essa troca de experiências culturais e extensionistas possamos avançar nessa ação conjunta das três universidades.”

Seminário de Cultura e Extensão – 3º Encontro USP/Unesp e Unicamp. Da esquerda para a direita: Raul Borges Guimarães – pró-reitor de Extensão e Cultura (Unesp), Marli Quadros Leite – pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária (USP), Sylvia Helena Furegatti – pró-reitora de Extensão, Esporte e Cultura (Unicamp) e Maria Aparecida de Menezes Borrego – vice diretora do Museu Paulista – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
A programação incluiu a conferência de abertura com o professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da USP, que abordou os fundamentos e desafios da extensão universitária no século XXI. Segundo ele, é importante identificar quem é o destinatário do projeto e entender o que ele espera. “A nossa tendência é elaborar um projeto, passar pela comissão interna e implementar, mas em que momento vamos ouvir o beneficiado pelo resultado? O projeto de extensão deve nascer daí”, explica Marcovitch.
Após a conferência, também foi realizado o lançamento do livro Cultura e Extensão na USP: Reflexões e Impactos, organizado por Marli Quadros Leite. Os comentários dos coautores, diretores dos órgãos de extensão da USP, e da organizadora enfatizaram a importância do vínculo entre comunidade e universidade. A publicação apresenta um panorama das ações realizadas pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP para fortalecer a ligação da população paulista à maior universidade da América Latina.

Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária (USP) Marli Quadros Leite (ao centro) sorteia livros no Museu do Ipiranga ao lado dos pró-reitores Raul Borges Guimarães (Unesp) e Sylvia Helena Furegatti (Unicamp) – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
A programação continuou com grupos de trabalho temáticos, que discutiram questões como métricas, tecnologias, sustentabilidade e os impactos reais da extensão na vida da população. Renata Weinberg, assistente de Ação Cultural da Unesp, e Edison Santiago, chefe do Centro Cultural da USP em São Carlos, participaram do grupo que discutiu como a inteligência artificial (IA) pode afetar a extensão universitária “Achei um tema muito importante porque a IA é uma realidade e as universidades têm um papel nessa discussão acerca do debate ético ao utilizá-la”, ressalta Renata. Para Santiago, a nova tecnologia deve ser debatida para ser usada de maneira correta: “Elas [IA] vieram para ficar. Precisamos debater como a extensão pode se beneficiar do uso delas visto que não é reversível”.
No segundo evento, as atividades se deslocaram para o Espaço Brasiliana, na Cidade Universitária, e tiveram o foco voltado para a realidade interna da USP. Além de Marli Quadros Leite, a mesa de abertura foi composta com Ana Lúcia Duarte Lanna, pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Marcos Garcia Neira, pró-reitor adjunto de Graduação, e Adenilso da Silva Simão, pró-reitor adjunto de Pós-Graduação.
A pró-reitora de Cultura e Extensão da USP realizou uma palestra de abertura com o tema A Curricularização na Universidade de São Paulo: implantação e estratégias. Em sua fala, Marli destacou que a cultura e a extensão juntas são potencializadores do conhecimento: “Utilizamos na superfície a terminologia cultura e extensão, por debaixo disso tem muito conhecimento a ser construído, adquirido e levado adiante”.
Após a realização dos grupos de trabalho temáticos, que debateram sobre os desafios e avanços da curricularização da extensão na USP, houve a premiação às Atividades de Extensão (AEX) de 2024 com destaque no fomento à curricularização. No mesmo evento, foram apresentadas AEX pré-selecionadas pela comissão organizadora e algumas das atividades mais votadas pelo público presente puderam realizar uma apresentação no seminário.

Seminário de Cultura e Extensão no Espaço Brasiliana expôs pôsteres de Atividades Extensionistas (AEX) – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Também foi realizado o lançamento de publicações, no qual foi feita mais uma apresentação do livro organizado pela pró-reitora Marli Quadros Leite e a estreia da obra A Curricularização da Extensão: orientações e reflexões para um fazer integral em saúde e educação, escrito pelos professores Fábio Scorsolini-Comin e Clóvis Reis da Silva Junior.
Finalizando o dia, a palestra do professor Martin Grossmann da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP propõe uma reflexão sobre a cultura universitária como um campo que articula dimensões simbólicas, políticas e formativas, evidenciando seu papel tanto na construção de sentidos quanto na formação cidadã e na atuação social da universidade. Para o professor, a cultura é um campo ativo e amplo. “A USP abriga uma diversidade de culturas: as científicas, as de profissões, as das especialidades, as geracionais, as ideológicas e claro, as de referencial estético”, destaca Grossmann.
O seminário surge em um momento estratégico para as universidades paulistas, quando se consolidam os primeiros resultados da inserção da extensão nos currículos de graduação, exigida pelo Conselho Nacional de Educação desde 2018. Com isso, o encontro se propôs a não apenas refletir sobre o papel social da universidade, mas também traçar caminhos práticos para que as ações extensionistas ganhem protagonismo nas estruturas acadêmicas e dialoguem de forma mais intensa com a sociedade. “O conhecimento abre portas, esclarece e traz felicidade para as pessoas. Se quem esteve no evento entendeu isso, a missão estará cumprida”, ressalta a pró-reitora Marli Quadros Leite.
Ambos os eventos foram organizados pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
*Estagiária sob supervisão de Elcio Silva