Semana USP de Ciência e Tecnologia 2018
Segundo a Organização das Nações Unidas, por uma resolução estabelecida na Assembleia Geral em julho de 2010, o direito humano ao acesso água tratada e ao saneamento básico é universal. No Brasil, no mês de janeiro de 2007 foi promulgada a Lei do Saneamento Básico, a qual estabelecia que a União e os Estados seriam responsáveis por fornecer recursos para que o acesso à água potável, o tratamento de esgotos e gerenciamento de resíduos sólidos fosse acessível à toda a população.
No entanto, dez anos após a Lei do Saneamento Básico ser aprovada, houve um aumento de somente 2,5%, aproximadamente, da população que recebe água tratada em seus lares, bem como um aumento de somente 8%, aproximadamente, da população que tem seu esgoto coletado. O objetivo do governo federal era, em 20 anos a partir da aprovação da lei universalizar o saneamento básico do país, porém projeções recentes apontam que somente no ano de 2043 isso seria possível, no ritmo de trabalho atual.
O pouco investimento que se tem dado à questão do saneamento básico gerou, recentemente, problemas com relação ao uso da água e à saúde pública. Com relação ao primeiro problema, entre os anos de 2014 e 2015 as regiões Sudeste e Nordeste do país sofreram uma crise de abastecimento sendo criados sistemas de rodízio de distribuição de água, no qual certos locais chegavam a passar aproximadamente 48 horas sem receber água. Com relação ao segundo problema, entre os anos de 2015 e 2016 o país assistiu a uma epidemia de três doenças transmitidas pelo mosquito da espécie Aedes aegypti – dengue, chikungunya e zíka – ocasionando um elevado número de mortes e sequelas para os indivíduos acometidos pelas doenças.
Com todas estas questões levantadas, entra em foco a conscientização da população quanto ao uso racional da água e o risco da poluição das fontes de água. Como instituições importantes na transformação social, as escolas podem ser tomadas como espaços em que tais discussões podem ser levantadas e debatidas.
A Universidade de São Paulo possui, em seu interior, um trecho do córrego Pirajussara cuja nascente está em Embu das Artes e a foz no Rio Pinheiros. Um projeto de Monitoramento dos Recursos Hídricos da Universidade de São Paulo (RHiUSP), realizado em 2014, indicou a péssima qualidade da água em função de parâmetros de análise de coliformes fecais tanto do trecho de entrada no campus da USP bem como o trecho próximo a foz do córrego Pirajussara.
Com a aplicação desta oficina pretende-se que os alunos das escolas da região entrem em contato com o ambiente do córrego na USP e utilizem de conceitos relacionados ao tema Equilíbrio Químico e de técnicas analíticas clássicas (complexificação de metais) e instrumentais (ph, condutibilidade elétrica e demanda de oxigênio) da Química como forma de verificar a qualidade da água do córrego bem como avaliar a questão do saneamento básico no país.