Fonte
repositório ufsc
Autor
INGRID KERTELEN FRANCO MEDINA
Resumo
Neste trabalho, buscamos explicitar a insuficiência da presença das pautas sobre
deficiência no movimento feminista através de uma pesquisa básica, exploratória e
qualitativa, feita a partir de um levantamento bibliográfico sobre o tema. A forma com
que são tratadas as pessoas com deficiência está diretamente ligada ao próprio conceito
de deficiência, que tem sido alvo de disputas ao longo do tempo, passando pelo modelo
religioso, caritativo, médico, social e biopsicossocial. Este último entende que a
deficiência aparece apenas em interação com o ambiente e não é algo particular ou
responsabilidade do indivíduo. O feminismo, entendido como sendo um movimento
político de luta por todas as mulheres, incorporou a luta pelas minorias apenas a partir
de sua terceira onda ou feminismo interseccional, de onde também surge o feminismo
negro. Mesmo assim, constata-se que as mulheres com deficiência ainda não são
consideradas parte do movimento ou tem suas pautas realmente incluídas. Tal fato pode
ser constatado pelo apagamento por vezes escancarado da deficiência de mulheres
consideradas símbolos de luta pelas feministas, como são Maria da Penha e Frida Callo.
Além disso, não são feitas discussões que considerem a dupla vulnerabilidade e
opressão experimentada pelas mulheres com deficiência, ao mesmo tempo alvos de
machismo e capacitismo, que é como se denomina a discriminação em razão de
deficiência. Devido a isso tudo, essas mulheres tem se organizado em coletivos
próprios, que levem em conta as intersecções entre capacitismo e misoginia, como é o
caso do Coletivo Feminista Hellen Keller, formado apenas por mulheres com
deficiência e visto como uma das soluções para essa problemática.
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