Proposição que dá título ao livro organizado por Hobsbawm e Ranger, consiste em um conjunto de práticas de natureza ritual ou simbólica que visa inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica uma continuidade em relação ao passado, um passado histórico apropriado, configurando estratégia para dominar uma situação nova ou em crise. De que maneira as narrativas épicas de 1822 e 1922 foram inventadas e se reinventam? Quais estratégias inventam tradições no presente? Desempoeirar os legados.
15h | Trabalhos dos alunos do Departamento de Artes Cênicas (CAC) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP ⬆ início ⬇ assista
16h | Invenção das tradições ⬆ início ⬇ assista
18h | Atividade Artística Virtual ⬆ início ⬇ assista
Agnaldo Aricê Caldas Farias ⬆ início ⬇ assista |
Noemi Jaffe ⬆ início ⬇ assista |
Luiz Felipe Alencastro ⬆ início ⬇ assista |
Rapsódia Cobra Canoa é uma obra composta por temas de diferentes tradições mítico-religiosas, que têm em comum a reverência às divindades femininas.
Como uma grande viagem pelos rios do mundo, os cantos de diferentes tradições são incorporados por nossa canoa imaginária. O percurso começa pelo canto Yube Nawa, que representa a jiboia mítica que gerou a humanidade, segundo o povo Huni-Kuin do Acre, para logo depois saudar as deusas Avalokitesvara, Saraswati e Durga do oriente. A tradição cristã é representada pela Virgem Maria, tanto na tradição popular das Caixeiras do Divino, como pela obra da compositora medieval Hildegard von Bingen. Pacha Mama, divindade latino-americana que representa a fertilidade, se junta a nós um pouco antes do encerramento de nossa viagem, que acontece com o canto para Yemanjá do Babassuê, gravado nas Missões de Pesquisas Folclóricas dirigida por Mário de Andrade.
Os arranjadores/autores dessa composição multicultural Gabriel Levy e Magda Pucci escreveram essa peça especialmente para as vozes do Coralusp e cordas da OSUSP, a convite de Eduardo Fernandes e Fábio Cury.
Gabriel Levy é acordeonista, arranjador, compositor, educador e produtor musical. É mestre pela USP e tem atuado ao lado de artistas do Brasil e do exterior. Atua em projetos de músicas do mundo com os grupos Mawaca, Mutrib, Orquestra Mundana, Trio Kagurazaka e Kerlaveo. Diretor musical de diversos festivais, recebeu indicações para prêmios como produtor musical e como instrumentista teve seu CD Terra e Lua premiado pela Rádio Cultura. Publicou livros e artigos sobre educação musical intercultural. É diretor da Magnífica Orchestra Paulistana de Músicas do Mundo, projeto artístico-pedagógico. Teve suas composições interpretadas por artistas como Duo Assad, Orquestra Refugi, Yo-yo Ma, Paquito d’Rivera, entre outros.
Magda Pucci é musicista, arranjadora, compositora, cantora, antropóloga, educadora musical e pesquisadora de músicas do mundo e das culturas indígenas brasileiras. Formada em Música, regência pela Universidade de São Paulo. É mestre em Antropologia pela PUC-SP e Doutora em Pesquisa Artística pela Universidade de Leiden, na Holanda. É diretora musical e fundadora do grupo Mawaca que recria músicas do mundo, interpretadas em mais de 20 línguas.
É autora de livros relacionados a temas indígenas e de educação musical e nos últimos anos vem trabalhando no intercâmbio entre músicos indígenas e não indígenas.
Hommage à Chopin, última obra para piano solo escrita por Heitor Villa-Lobos, foi composta em Paris, em 1949, sob encomenda da UNESCO, por ocasião do centenário de morte de Fréderic Chopin. A obra se apresenta em duas partes, cujos títulos aludem a dois gêneros muito caros ao compositor homenageado: Nocturne e Ballade. Observa-se que Villa-Lobos lançou mão de recursos característicos da produção chopiniana sem resultar em paráfrase ou imitação estilística. Assim, Villa-Lobos dialoga tanto com Chopin como com recursos utilizados por compositores franceses na primeira metade do século XX, sem comprometer sua forte identidade composicional, da qual são características a inventividade textural e o exuberante tratamento do piano como instrumento de ressonância.
Luciana Sayure
Docente do Departamento de Música da ECA-USP, coordena, ao lado do professor Eduardo Monteiro, do Laboratório de Piano USP, responsável por diversos projetos de pesquisa e de extensão. Reflete em seu trabalho artístico influências de três personalidades do piano brasileiro: Marisa Lacorte, Yara Bernette e Mauricy Martin. Foi premiada em vários concursos de piano, destacando os primeiros prêmios no I Concurso Nacional de Piano Arthur Moreira Lima, no XIII Concurso Nacional de Piano Paulo Giovanini e no I Concurso Nacional de Piano Lorenzo Fernandez. É doutora pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, atualmente, é diretora do CORALUSP.
Re-soundings [Re-sonâncias] é uma música pioneira e revolucionária, que combina música instrumental com eletrônica, composição audiovisual e performance telemática. A obra foi encomendada pela Osusp para a semana 3×22, é dedicada à Cássia Carrascoza, flautista que vem colaborando comigo na pesquisa sobre a música telemática. Re-soundings dá continuidade ao meu projeto de pesquisa Imaginações Sonoras sobre composição audiovisual imersiva, a partir de gravações de vídeo e som holográficos 3D, realizadas em vários países e continentes. A investigação estende a ideia de escuta para o conceito de ressonâncias, segundo o qual o presente sonoro é um espaço ressonante que compartilhamos com os outros, o espaço de um ir e vir, de estender e penetrar. No espaço pós-humano da realidade telemática, o som se apresenta como modulado por processos significativos de reconstrução corporal e da relação entre presença e ausência. O sujeito ouvinte surge no contexto de sistemas inteligentes integrados às interfaces homem-máquina. Como podemos ser penetrados e nos projetar para os outros? Como modular, por exemplo, a singularidade de um grito ou o apelo de uma melodia? Além disso, a pesquisa investiga modos híbridos e colaborativos de cognição que moldam os fluxos de informação no contexto da criação artística, especialmente as interconexões entre humanos e algoritmos, como estes se afetam mutuamente. Neste projeto para a Osusp, apresentamos dois movimentos de Re-soundings. O primeiro movimento (Re-soundings #1) é escrito para uma flauta solista, orquestra de câmera e um conjunto de quatro flautas. O segundo movimento (Re-soundings #3) reúne um conjunto de quatro partes individuais e duas partes de flauta. Essas seis partes formam uma polifonia não-sincronizada, que retoma a tradição do contraponto medieval não mesurado. Todas as partes de flauta de Re-soundings foram executadas por Cássia Carrascoza e gravadas telematicamente. Re-soundings é uma obra que integra a formação sinfônica de maneira experimental e única, que dialoga com a atualidade da arte digital, integrando na prática musical da orquestra a tecnologia de ponta, audiovisual e telemática, e desenvolvendo formas musicais que buscam a liberdade da fala e a livre manifestação do indivíduo. Paulo C. Chagas – compositor ⬆ início ⬇ assista É um compositor brasileiro de reputação internacional com uma produção de mais de 180 obras para orquestra, música de câmara, eletroacústica, audiovisual e multimídia. Suas obras resultaram de inúmeras encomendas e têm sido aplaudidas nos Estados Unidos, Europa, Rússia, Ásia e Brasil. Chagas desenvolve uma pesquisa de várias décadas nas áreas de semiótica e filosofia da música, composição de música eletroacústica, audiovisual e telemática. Links: https://paulocchagas.com https://ucrarts.ucr.edu/Exhibition/sound-imaginations André Bachur – regência ⬆ início ⬇ assista Bacharel em Regência pela ECA – USP onde atualmente cursa o mestrado. Foi, de 2011 a 2014, regente assistente da Orquestra de Câmara da USP, grupo do qual é atualmente regente adjunto. Formou-se no curso de regência da Academia de Música da OSESP, onde estudou sob a orientação de Marin Alsop. É um dos principais nomes de sua geração de maestros, atuando a frente de diversas orquestras do estado, além disso é instrumentista e arranjador. Solistas de Re-soundings Cássia Carrascoza – Flautas e música telemática ⬆ início ⬇ assista Professora Dra. do Departamento de Música da FFCLRP- USP, coordena o LaFlauta, Laboratório de Flauta, onde vem desenvolvendo a pesquisa sobre a música contemporânea brasileira e música telemática. Flautista premiada, tem se apresentado em diversos países da Europa e Estados Unidos. Desenvolveu trabalhos no IRCAM – Paris, Universidade da Califórnia – Riverside, Pontificia Universidad Católica de Chile e atualmente é vice-diretora da OSUSP. Eliane Tokeshi – violino Doutora pela Northwestern University, Eliane Tokeshi é professora Livre Docente de violino do Departamento de Música da Universidade de São Paulo. Sua carreira multifacetada abrange atuações como camerista, solista e pedagoga. Tem gravado CDs e realizado várias estreias de obras, consequência de destacado trabalho voltado para a valorização do repertório brasileiro e contemporâneo. Gabriel Marin – viola ⬆ início ⬇ assista Violista do Quarteto Carlos Gomes e da OSUSP. Desenvolve intensa carreira como solista e camerista, tendo se apresentado em diversos países da Europa. Como docente, atua nos principais festivais nacionais. É fundador e idealizador do Encontro Campestre de Violas. É professor de viola e coordenador de música de câmara no Instituto Baccarelli. Julio Cerezo Ortiz – violoncelo ⬆ início ⬇ assista É Spalla dos violoncelos da OSUSP e integrante do “Trio Quinta Essência”. Como solista e camerista tem se apresentado em diversos países da Europa e nos Estados Unidos. Desenvolve um importante trabalho fomentando e interpretando a criação de novas obras para violoncelo da música brasileira. É professor na Faculdade Integrada Alcântara Machado (FAAM) e na Orquestra de Paraisópolis. Leopoldo Ferreira Prado – marimba ⬆ início ⬇ assista Timpanista da OSUSP, é Bacharel em percussão pela UNESP. Percussionista premiado, é integrante do Grupo Durum, importante grupo nacional de percussão. Vem se apresentando em diversos estados brasileiros e em países como Venezuela, Argentina e Portugal. Lançou um CD com obras de compositores brasileiros (Dimensões) financiado pelo PAC. Harmonização e orquestração de Rubens Russomanno Ricciardi (2020) Manuscritos da Lira Ceciliana de Prados (MG) – pesquisa de Adhemar de Campos Filho e George Olivier Toni (in memoriam) Pensamento Sentimental, Ouro Preto, 1886 – cordas e clarinete Transcrição de Rogério Duprat /Edição crítica por Rubens Russomanno Ricciardi (2004) Solista ao clarinete: Tiago Garcia (OSUSP) Regência: Natália Larangeira ⬆ início ⬇ assista A música popular brasileira profana conhecida remonta ao final do século XVIII, com Domingos Caldas Barbosa, o primeiro autor de modinhas e lunduns. Esses gêneros foram dos mais fecundos na música popular brasileira até o fim do século XIX, quando surgem o samba e o maxixe. A modinha é ao mesmo tempo a canção popular (de acordo com o conceito de Volkslied, de Herder, porque se trata de um mesmo Zeitgeist) e a canção romântica brasileira por excelência. Dessas duas modinhas pradenses, arquivadas na Lira Ceciliana de Prados, só constam as duas melodias, mas cuja tradição de execução remonta seguramente ao século XIX, segundo levantamentos dos saudosos maestros Adhemar Campos Filho e George Olivier Toni. Só havia a melodia escrita então, pois os demais instrumentos eram tocados de modo improvisado na realização do acompanhamento. Essa versão de Rubens Russomanno Ricciardi, portanto, é um projeto de reconstrução de memória da música popular brasileira, pois visa trazer à sala de concertos esses antigos repertórios que carecem de uma maior divulgação. Segundo Roland Barthes, “não há nada de espantoso no fato de um país retomar periodicamente os objetos de seu passado e descrevê-los de novo, para saber o que pode fazer deles: esses são, deveriam ser procedimentos regulares de avaliação”, o que vale, sem dúvida, para essas sonoridades populares esquecidas do nosso passado musical. Pesquisa de Adhemar Campos Filho e George Olivier Toni (Lira Ceciliana de Prados, MG) / Harmonização e orquestração de Rubens Russomanno Ricciardi Natália Larangeira – regência ⬆ início ⬇ assista Natália Larangeira revela uma promissora carreira como regente de ópera, balé, coro e orquestra. Em sua carreira, destacam-se o recente prêmio em 2º lugar no III Concurso para regentes da Opera de Baugè (França/2019) e a conquista da vaga de Regente Assistente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, no Teatro Colon (Argentina/2020). Desenvolve intensa carreira internacional, é regente assistente da OSSA desde 2015. Atualmente participa do movimento Mulheres Regentes. É mestranda em Performance na Unicamp onde pesquisa sobre a primeira ópera escrita por uma mulher: “La liberazione” de Francesca Caccini, e atua como regente Titular e Diretora Artística da Camerata Filarmônica de Indaiatuba. Tiago Garcia Natural de São Paulo, iniciou seus estudos na Escola Municipal de Música de São Paulo sob a orientação do professor João Francisco. Posteriormente estudou na ULM (atual EMESP) com o professor Gustavo Barbosa Lima. Formou-se Bacharel em Clarinete pela UNESP na classe do professor Sérgio Burgani. É clarinetista na OSUSP desde 2008 e integrante do quarteto de clarinetes Nó na Madeira. Rubens Russomanno Ricciardi – editor crítico ⬆ início ⬇ assista Compositor, maestro, pianista e musicólogo, é professor titular do Departamento de Música da FFCLRP-USP (tendo sido anteriormente professor titular pela ECA-USP), maestro da USP Filarmônica e diretor artístico do Ensemble Mentemanuque, coordenador do Centro de Memória das Artes, do NAP-CIPEM, professor responsável pelo Festival Música Nova Gilberto Mendes, pelo projeto USP Música Criança e curador das séries Concertos USP em Ribeirão Preto e São Carlos. Em suas pesquisas propõe a nova epistemologia da Poíesis Crítica.
pesquisa do prof. Rubens Ricciardi (FFCLRP-USP)
Duas modinhas pradenses para orquestra de cordas (melodias anônimas mineiras do século XIX)
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