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Ciclo de debates discute a ditadura e repressão no antigo DOI-Codi em São Paulo

Ciclo de debates discute a ditadura e repressão no antigo DOI-Codi em São Paulo

Centro de Preservação Cultural - 02/08/2023

Especialistas, pesquisadores, militantes dos direitos humanos e ex-presos políticos discutem a repressão do Estado no ciclo de debates “Conhecendo o DOI-Codi/SP”

Os debates presenciais começaram nesta quarta-feira (2) e prosseguem nos próximos dias 8 e 9 de agosto na Casa de Dona Yayá, sede do Centro de Preservação Cultural da USP (CPC-USP). O evento, realizado em parceria com o Grupo de Trabalho Memorial DOI-Codi/SP e coordenado pela historiadora Déborah Neves, tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o que foi esse órgão, sua atuação, seu impacto até os dias atuais e a importância das pesquisas sobre esse período da história do Brasil. A participação, com entrega de certificados, é feita mediante inscrição prévia.

DOI-Codi é a sigla pela qual ficou conhecido o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna, órgão de repressão subordinado ao Exército brasileiro que atuou durante a ditadura implantada após o golpe militar de 1964. O DOI-Codi surgiu a partir da Operação Bandeirante (OBAN), criada em 1969, período mais duro da repressão política, para coordenar e integrar as ações dos órgãos de repressão a indivíduos ou organizações de esquerda que representassem ameaça à manutenção do regime. O Destacamento de Operações de Informação (DOI) era responsável pelas ações práticas de busca, apreensão e interrogatório de suspeitos, e o Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) pela análise de informações, coordenação dos diversos órgãos militares e  planejamento estratégico do combate aos grupos de esquerda. Embora fossem dois órgãos distintos, eram frequentemente associados na sigla DOI-Codi, o que refletia o caráter complementar dos dois órgãos.

Em São Paulo as instalações estavam localizadas na rua Tutóia, no bairro do Paraíso, onde atualmente funciona o 36° Distrito Policial. O comando na capital paulista era do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, então com de 38 anos. Até 1974, quando da transferência de Ustra para Brasília, dois mil presos passaram pela unidade, entre eles Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura que foi torturado e assassinado após se apresentar voluntariamente para prestar depoimento após convocação.

Esse e outros episódios, devidamente investigados e documentados, confirmam que os DOI-Codi eram efetivamente locais de tortura daqueles que se opuseram à ditadura civil-militar no Brasil. 

O evento “Conhecendo o DOI-Codi/SP” integra o projeto de investigação arqueológica que acontecerá até 14 de agosto nas antigas instalações do DOI-Codi de São Paulo, realizado pelo LAP/Unicamp, LEAH/Unifesp e DAA/UFMG, com financiamento do CNPQ e Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp. Além das pesquisas no local, serão oferecidas oficinas de formação de professores dos ensinos Fundamental e Médio.

A professora Flávia Brito do Nascimento, diretora do CPC-USP, ressalta a importância de se preservar a memória desse período dramático: “É uma honra abrir esse espaço de reflexão sobre os atos de repressão que atingiram toda a sociedade brasileira, notadamente intelectuais, acadêmicos e estudantes. A memória da Universidade de São Paulo também é marcada por casos de desaparecimento e assassinato de alunos, professores e funcionários, relatados com muita seriedade pela Comissão da Verdade da USP , criada em 2013 para examinar e esclarecer essas graves violações aos direitos humanos praticadas entre 1964 e 1985″.

 

 


Serviço
Conhecendo o Doi-Codi/SP

• 8 de agosto (terça-feira), das 19h às 21h30

Aparato policial na lógica da tortura, ontem e hoje

Mediação: Deborah Neves, coordenadora do GT Memorial DOI-Codi/SP

Convidados: Valéria Oliveira, Mães de maio/CAAF; Célia Rocha Paes, arquiteta, ex-presa política; Marcelo Godoy, jornalista, autor do livro A casa da vovó (2015); Moacyr Oliveira, diretor de jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), assessor da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ex-preso político.

•  9 de agosto de 2023 (quarta-feira) das 14h às 17h00

Novos olhares sobre a ditadura e o vivido no DOI-Codi

Mediadora: Sônia Fardim, historiadora

Convidados: Janice Theodoro, professora titular da USP, ex-presa política; Célia Rocha Paes, arquiteta, ex-presa política; Ana Paula Brito, museóloga e historiadora, coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisadoxs de Sítios de Memória e Consciência (Rebrapesc).

Inscrições gratuitas por meio de formulário eletrônico

Dia 8/8: https://forms.gle/D7m63AyRG8VmCE5s7

Dia 9/8: https://forms.gle/TKBmg52633oK1HqY9

Local: CPC-USP/Casa de Dona Yayá

Rua Major Diogo, 353 – Bela Vista – São Paulo

Ciclo de debates
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