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Diagnóstico tardio de infecção pelo HIV: magnitude do fenômeno e trajetórias de pessoas que vivem com HIV

Diagnóstico tardio de infecção pelo HIV: magnitude do fenômeno e trajetórias de pessoas que vivem com HIV
  • 2018
  • luana_carla_santana_ribeiro

Fonte

Repositório Institucional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Autoria

LUANA CARLA SANTANA RIBEIRO

Resumo

O diagnóstico tardio da infecção pelo HIV configura-se como um dos principais entraves para o controle da pandemia e apresenta graves repercussões para as populações, destacando-se o aumento da propagação da infecção, da morbimortalidade das pessoas que vivem com HIV e a diminuição da qualidade de vida das pessoas acometidas. O objetivo desta pesquisa foi analisar o fenômeno do diagnóstico tardio de infecção pelo HIV a partir do conhecimento da magnitude do problema e seus fatores associados, e da compreensão das trajetórias de vida e de representações de pessoas HIV positivas. Trata-se de uma pesquisa de abordagem mista, com utilização dos métodos quantitativo e qualitativo. No eixo quantitativo, consiste em estudo epidemiológico, analítico e transversal. No eixo qualitativo, foi utilizado como referencial teórico-metodológico a Teoria das Representações Sociais, a partir de abordagem crítica. Esta pesquisa foi realizada nos seis Serviços de Assistência Especializada do Estado da Paraíba, pertencente ao Nordeste brasileiro. Para o eixo quantitativo, a amostra foi formada por 369 indivíduos HIV positivos em tratamento antirretroviral. Para a abordagem qualitativa, a amostra foi delimitada por meio da técnica de saturação teórica, obtendo-se a amostra final de 18 participantes. No método quantitativo, utilizou-se um questionário, aplicado com entrevista e, no método qualitativo, foi utilizada a entrevista aberta. No eixo quantitativo, os dados foram armazenados e analisados no Software SPSS versão 21.0. Realizou-se inicialmente análise univariada para avaliação de fatores associados ao diagnóstico, classificado em muito tardio, tardio e oportuno, utilizando-se os testes Qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher e teste de Kruskall-Wallis. Para análise multivariada, utilizou-se o modelo de regressão logística ordinal de chances proporcionais e o método de árvore de decisão. Na abordagem qualitativa, utilizou-se o método da Análise Estrutural de Narração e o Software MAXQDA 12 para análise dos resultados. Como resultados principais, apontam-se: 59,1% dos entrevistados foram diagnosticados de forma tardia ou muito tardia; no modelo final, permaneceram associados ao diagnóstico tardio da infecção pelo HIV os seguintes fatores idade, situação conjugal, escolaridade, motivo pelo qual buscou o serviço de saúde para realizar o teste de HIV e frequência que realizou o teste rápido de HIV após relação desprotegida com parceiro fixo. Na abordagem qualitativa, desvelaram-se como representações originais, a aids como doença transmissível e perigosa; como doença do outro; aids como doença grave, incurável e mortal. Estas representações contribuíram para a busca atrasada por diagnóstico, ora devido à atitude de distanciamento das pessoas susceptíveis, ora por não perceberem ou negarem os riscos aos quais estavam expostos no decorrer de suas trajetórias de vida. Em relação às representações originais da sexualidade que contribuíram para o diagnóstico tardio, apontam-se: relação sexual é natural; é na adolescência que se inicia a vida sexual; confiança em parceria fixa; heterossexualidade homem é poligâmico e mulher é monogâmica; sexualidade como tabu; e negação do risco para infecção de HIV. A representação de busca pelo prazer na relação sexual, independente do risco de infecções, permeou todas as demais. Quanto aos itinerários de diagnóstico dos entrevistados, os caminhos percorridos foram marcados inicialmente pela experiência do adoecimento e acarretaram o diagnóstico tardio da infecção por HIV nos três níveis de atenção, na Atenção Primária à Saúde, na rede ambulatorial e nos hospitais públicos, nos quais houve obstáculos de acesso para um diagnóstico oportuno e um cuidado fragmentado e não resolutivo. A compreensão dos motivos que conduzem as pessoas a descobrirem de forma tardia sua soropositividade é imperiosa no atual panorama da epidemia, para que sejam planejadas e implementadas novas estratégias e políticas que visem o diagnóstico oportuno da infecção.

luana_carla_santana_ribeiro

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