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Cinusp apresenta mostra Novíssimo Cinema Brasileiro

Cinusp apresenta mostra Novíssimo Cinema Brasileiro

CINUSP Paulo Emílio - 06/03/2020

16/03/2020 – 08h
Atenção: em função das determinações da USP em relação aos eventos públicos durante a pandemia de coronavírus, as atividades dessa programação estão suspensas temporariamente.
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De 9 de março a 5 de abril o Cinusp apresenta a nona edição da NOVÍSSIMO CINEMA BRASILEIRO, mostra anual que celebra a diversidade cinematográfica brasileira contemporânea. Neste ano, 27 filmes fazem parte da seleção, sendo 7 deles pré-estreias e 8 acompanhados de bate-papo com realizadores. Todas as sessões são gratuitas e abertas ao público em geral.

Evidenciando pontos de vista plurais e maneiras diversas de se fazer cinema atualmente no Brasil, a mostra inclui filmes de gênero, documentários com forte teor político e social, longas experimentais, distópicos e alguns em diálogo com a própria história do meio cinematográfico. Com um número crescente de participações em festivais internacionais, a produção brasileira vem ganhando destaque mundial – filmes como A vida invisível, Bacurau, Bixa Travesty, Divino Amor e Democracia em vertigem obtiveram sucesso de público e crítica no Brasil e no exterior.

Abordagens recorrentes na cinematografia nacional dos últimos anos têm sido a distopia e a fantasia, que retratam variadas nuances da realidade brasileira. É o caso de Bacurau, vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, que apresenta o interior nordestino em uma luta simbólica contra o imperialismo estadunidense, e Divino amor, uma história com luzes neon de um Brasil dominado por religiões evangélicas e pelo neoliberalismo. Azougue Nazaré, por sua vez, traz o embate entre o maracatu rural e o cristianismo, misturando situações corriqueiras e elementos fantásticos, enquanto o paraense A Besta Pop, primeiro longa-metragem do curso de audiovisual da Universidade Federal do Pará, combina elementos como a juventude, o totalitarismo e a alienação social para compor um futuro distópico.

Outros dramas contemplados na mostra perpassam a vida de pessoas comuns ou às margens da sociedade, em representações sensíveis desses indivíduos. A vida invisível, vencedor da mostra Um Certo Olhar no último Festival de Cannes, é um melodrama que aborda as limitações impostas sobre as escolhas de vida das mulheres em um Rio de Janeiro da década de 1950 e os caminhos trilhados por elas. Já o cearense Greta exibe o retrato delicado de um homossexual idoso que encontra uma rara oportunidade de exercitar seus desejos e escapar de seu isolamento. Junto a eles, o mineiro No coração do mundo dá continuidade ao ciclo de filmes produzidos na cidade de Contagem, destacando sua potência cinematográfica e resvalando em uma crítica social sutil sem que isso seja o eixo central do longa.

Compondo uma parcela grande e variada da produção nacional ao longo dos últimos anos, os documentários vêm ocupando um lugar ambíguo e incerto entre a ficção e a representação da realidade. Estão contemplados na mostra Lembro mais dos corvos, em que uma atriz e cineasta trans confronta a câmera e o próprio diretor Gustavo Vinagre, expondo desconfortos em uma relação quase metalinguística, e Bixa Travesty, que aborda a vida e obra da artista Linn da Quebrada, seus vínculos afetivos e sua relação com o corpo.

Contrapondo-se à essa ambiguidade e apresentando momentos da atual situação política brasileira, Democracia em vertigem, indicado ao Oscar de Melhor Documentário, justapõe a história da família da cineasta Petra Costa à crise democrática que assola o país. Também serão exibidos dois documentários sobre a ditadura civil-militar no Brasil: Torre das Donzelas, cujo enfoque é a prisão reservada às mulheres que foram perseguidas, presas e torturadas durante esse período, a partir de narrativas individuais e coletivas que evidenciam a complexidade das relações humanas naquele espaço, e Pastor Cláudio, que reúne relatos de um ex-militar e torturador que posteriormente virou pastor.

Ainda na leva de documentários, a cidade de Toritama é palco de Estou me guardando para quando o carnaval chegar, longa sobre a produção de jeans na cidade pernambucana e a contraposição da grande produção têxtil com aspectos remanescentes da vida rural, ao passo que em Chão temos um importante registro do confronto entre um grupo de latifundiários e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pela redistribuição do território de uma usina falida. Em Diz a ela que me viu chorar um grupo de dependentes químicos luta para reconstruir a própria vida durante a fase de desintoxicação, enquanto que em A rainha Nzinga chegou a ancestralidade negra e feminina no interior de Minas Gerais é o tema central da narrativa.

Também há na mostra filmes que se relacionam com a própria história do cinema, como Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, dirigido por Bárbara Paz e premiado no Festival de Veneza, que versa sobre a relação do cinema com a memória e o amor à arte do cineasta Hector Babenco. Já em Sedução da carne, novo filme de Júlio Bressane, consagrado diretor e ícone do Cinema Marginal, cenas de seus filmes anteriores se misturam com a própria jornada de morte e redescoberta da protagonista em um processo de reflexão sobre a própria carreira do cineasta.

Tal qual a obra de Bressane, outros filmes também dialogam com um cinema mais experimental, como o drama Breve miragem de Sol, que retrata a vida de um taxista que dirige pelas ruas do Rio de Janeiro conduzindo passageiros em meio a uma crise existencial, em planos e sequências que constroem um trajeto sem destino fixo. No mineiro A Torre, o protagonista busca respostas sobre sua vida ao se reencontrar com fantasmas do passado, em uma narrativa visual em que a natureza é um eixo condutor e divagador. Sofá, por outro lado, parte das falências morais da sociedade carioca para criar uma comédia que mistura o “sujo” e o “novo”, enquanto o goiano Vermelha combina cenas banais do cotidiano com um humor surreal para provocar identificação e desconforto no espectador.

A seleção ainda inclui os filmes A noite amarela, longa paraibano sem monstros ou vilões, em que as características do gênero terror se evidenciam na montagem e na forma alegórica como as personagens se deparam com as incertezas do futuro, e Morto não fala, cuja realidade assombrada e suas tensões junto à violência nas cidades estabelece um diálogo entre crônica urbana e terror fantasmagórico. Já O clube dos canibais mistura terror e comédia ao realizar uma sátira sobre os receios de uma burguesia nacional, enquanto a comédia dramática Domingo exibe uma família burguesa do Rio Grande do Sul travando embates sutis de relação de classes com seus funcionários após a posse de Lula como presidente, em janeiro de 2003.

Para conferir a programação completa com datas, horários e sinopses, acesse: usp.br/cinusp.

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