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Metáforas de vida e de morte : o corpo rebelde da AIDS nos discursos da e sobre a saúde pública no Brasil

Metáforas de vida e de morte : o corpo rebelde da AIDS nos discursos da e sobre a saúde pública no Brasil
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Fonte:

Repositório digital LUME-UFRGS

Autoria:

Augusto Cesar Radde da Silva

Resumo:

O corpo não é apenas biológico. Na concepção discursiva, ele é considerado como um objeto teórico e analítico, por meio do qual a subjetividade se inscreve para constituir os sentidos. Nesta tese, a Análise de discurso, cujos fundamentos foram forjados por Michel Pêcheux, articula-se à Psicanálise numa discussão que visa perceber as relações entre a ideologia, o inconsciente e a língua na constituição dos efeitos de sentido. O objeto de análise é o corpo da aids no funcionamento dos discursos da e sobre a saúde pública no Brasil. Para tanto, a metáfora e a metonímia são chamadas para compor a interpretação sobre a forma como sujeito infectado pelo HIV e os profissionais da saúde se subjetivam a respeito da saúde e da aids no interior das práticas realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Os discursos desses sujeitos foram produzidos por meio de entrevistas realizadas no setor de IST/Aids do Hospital Sanatório. Como forma de relacionar a teoria à análise é realizado um percurso que revisita três áreas do conhecimento: a Linguística, a Psicanálise e a Análise de Discurso. A partir das reflexões oriundas desses três campos do conhecimento, a língua e o corpo são articulados ao discurso na produção do sujeito e do sentido. A língua, entendida como o espaço para o equívoco e, da mesma, para a emergência da metáfora, é atada ao corpo pelo amor, o qual, de acordo com a leitura freudiana, representa uma maneira de conceber a ambivalência pulsional como constitutiva do funcionamento psíquico. Intimamente relacionada a esse funcionamento, a ideologia é exposta à falha, uma vez que, ao interpelar o indivíduo em sujeito, ela sofre a força da inscrição do inconsciente no sujeito, de forma que seu corpo oscile entre seus desejos, pela marca da sexualidade na constituição da subjetividade, e as determinações sócio-históricas. Da mesma forma, o prazer e o gozo, conforme Lacan, são trabalhados na constituição dos sentidos, articulados a concepções discursivas sobre o corpo. Como procedimento analítico, são mobilizadas as noções que permitem que se chegue à interpretação de que o SUS é um Aparelho Ideológico de Estado, no interior do qual a Formação Discursiva da Saúde Pública é delineada como o espaço discursivo que abriga distintas posições sujeito. Considerando a aids como um acontecimento discursivo no corpo, chega-se à concepção de um corpo rebelde, para designar o corpo do sujeito infectado pelo HIV, o qual fala, e sobre o qual se fala no âmbito da saúde pública, e expõe os atravessamentos de sentidos que o constituem. O corpo rebelde é articulado à sexualidade, sobre a qual se estabelecem os saberes relacionados à saúde e a doença desse corpo, de forma que, atado pelos registros do real, do simbólico e do imaginário, seu funcionamento discursivo produz metáforas de vida e de morte para dizer sobre aids e sobre a subjetividade do infectado.

 

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