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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Trabalho, sono e bem-estar associados à evolução clínica de pessoas vivendo com HIV

Trabalho, sono e bem-estar associados à evolução clínica de pessoas vivendo com HIV
  • Luciana Fidalgo Ramos Nogueira

Fonte:

Biblioteca UNISantos

Autoria:

LUCIANA FIDALGO RAMOS NOGUEIRA

Resumo:

Introdução: Com o advento da terapia antirretroviral (TARV), a infecção pelo HIV assumiu características de uma doença crônica. No entanto, a despeito dos avanços conquistados, pessoas vivendo com HIV (PVHIV) apresentam elevadas prevalências de distúrbios do sono e de transtornos psiquiátricos, os quais interferem diretamente na reconstituição do sistema imune. O ambiente e organização do trabalho também podem influenciar a evolução clínica de trabalhadores que vivem com HIV, uma vez que o trabalho é considerado um determinante social das condições de saúde. Objetivo: Avaliar a associação dos aspectos relacionados ao trabalho, sono e bem-estar subjetivo com a evolução clínica de PVHIV em seguimento clínico pelo Serviço de Assistência Especializada (SAE) do município de Santos (SP). Métodos: Estudo epidemiológico transversal realizado com 115 trabalhadores vivendo com HIV, sendo 97 diurnos e 18 noturnos. O instrumento de coleta de dados foi aplicado em forma de entrevista no próprio SAE. Os dados referentes aos indicadores bioquímicos (quantificação da carga viral, contagem de linfócitos T CD4 e relação CD4/CD8) foram obtidos através do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais de CD4/CD8 e Carga Viral (Siscel). Para comparação das médias dos indicadores da evolução clínica de acordo com os aspectos relacionados ao trabalho, sono e bem-estar subjetivo foram realizados modelos lineares generalizados (GLM) com post-hoc LSD. Foram utilizadas como variáveis de ajuste: sexo, idade, tempo de diagnóstico do HIV, tempo de uso de TARV, uso de efavirenz (cujos efeitos adversos podem ser confundidos com sintomas de depressão), uso de substâncias psicoativas (medicamentos para dormir e drogas ilícitas), distúrbio emocional leve e distúrbio emocional severo. Em todos os testes foi adotado o nível de significância de 5%. As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Stata 12.0 e STATISTICA 7. Resultados: A amostra possuía idade média de 43 anos (DP=10,3 anos) e foi composta principalmente por indivíduos do sexo e gênero masculinos (54,8% e 49,6%, respectivamente), sem companheiro(a) (71,3%) e com ensino médio completo (51,3%). A maioria possuía vínculo de trabalho informal (53,5%) e foi classificada com ótima ou boa capacidade para o trabalho (57%). Nos dias de trabalho, houve maior prevalência de má qualidade do sono 52,2%). Verificou-se elevada prevalência de sintomas de insônia (78,6%) e 37,4% da amostra foram classificados com baixo nível de bem-estar subjetivo. A mediana do tempo de diagnóstico foi de nove anos (AIQ=4-17 anos), enquanto a mediana do tempo de TARV foi de sete anos (AIQ=1-12 anos). A maioria possuía carga viral indetectável (75,9%), contagem de linfócitos T CD4 ¿200 células/mm³ (89,4%) e relação CD4/CD8 <1 (71,7%). Houve associação significativa entre bem-estar subjetivo e carga viral (p<0,01), contagem de linfócitos T CD4 e necessidade de recuperação após o trabalho (GLM p=0,04, post-hoc p=0,02) e relação CD4/CD8 e necessidade de recuperação após o trabalho (GLM p=0,04, post-hoc p=0,03). Houve associação limítrofe entre contagem de linfócitos T CD4 e turno de trabalho (p=0,05). Conclusão: Baixos níveis de bem-estar subjetivo parecem estar associados a uma maior carga viral. Além disso, trabalhadores noturnos possuem menor relação CD4/CD8, enquanto aqueles com maior fadiga apresentam maior contagem de linfócitos T CD4. No entanto, capacidade para o trabalho, qualidade de sono e sintomas de insônia não influenciam os indicadores da evolução clínica de PVHIV.

 

Luciana Fidalgo Ramos Nogueira

 

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