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Mostra Cultural da USP premia trabalhos de sete áreas artísticas

Mostra Cultural da USP premia trabalhos de sete áreas artísticas

Comunicação - PRCEU - 21/09/2016

Música popular e erudita encerram a programação da 24ª edição do Programa Nascente. Festa de premiação aclamou sete áreas artísticas contempladas no programa.

Por Elcio Silva e Teresa Espallargas
Fotos: Camila Previato

Fomentar a produção cultural, intelectual e artística é um desafio e na maior universidade da América Latina isso não é diferente. Programas como Proac, Lei Rouanet, editais de Fomento da prefeitura de São Paulo, entre outros são alternativas para grupos independentes, para recém-egressos de universidades e até mesmo para artistas consolidados divulgarem seu trabalho.

O Programa Nascente foi criado na USP em 1990, com a primeira edição no ano seguinte. Era uma época em que não existia a maioria desses programas e, após 25 anos, ainda é um desafio incentivar e promover o fazer artístico dos alunos de graduação e pós graduação.

Artes cênicas, artes visuais, design, audiovisual, música erudita, música popular e texto são as sete áreas artísticas contempladas durante a Festa de Premiação da 24ª edição do programa que recebeu o maior número de inscritos desde a primeira edição.

Festa de Premiação Programa Nascente - Créditos - Camila Previato.

Sarau Nascente.

O professor Marcelo de Andrade Roméro, Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP, destaca o papel que o programa desempenha no ambiente universitário.

“Em 24 anos de programa, não foram poucos os que participaram dessa oportunidade não só de receber uma premiação e de ganhar visibilidade para seus trabalhos, mas também de efetivamente se integrar no mundo acadêmico com atividades que vão muito além de aulas, trabalhos ou pesquisas: é mostrar que os alunos formados na USP também podem aproveitar este ambiente para consumir e produzir arte e cultura, ampliando seus olhares sobre o mundo, desenvolvendo sua sensibilidade e criatividade, expressando ideias e sentimentos em múltiplas linguagens, interagindo com colegas de outras áreas e deixando suas contribuições à sociedade”.

Programa Nascente. Peça Aos que Vieram Antes de Nós - Créditos Camila Previato

Peça Aos que Vieram Antes de Nós, baseada no romance Pedro Páramo, do escritor mexicano Juan Rulfo apresentada no Teatro da USP.

O Teatro da USP (TUSP) abriu as apresentações dos finalistas em artes cênicas no dia 9 de setembro. A exposição Visualidade Nascente, que exibe os trabalhos de artes visuais, audiovisual e design, foi aberta no dia 12 no Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA) e segue até o dia 17 de outubro com visitação gratuita. O sarau com os trabalhos da categoria texto foi apresentado no Centro de Difusão Internacional da USP (CDI) no dia 14 e as categorias Música Erudita e Música Popular encerraram as apresentações na festa de premiação realizada também no CDI no dia 15.

Visualidade Nascente - Créditos Camila Previato
Visualidade Nascente - Créditos Camila Previato
Visualidade Nascente - Créditos Camila Previato

Árdua tarefa

Para um leigo o julgamento de uma área artística talvez pareça ser uma tarefa fácil, entretanto nossa reportagem procurou entender um pouco do que envolve a escolha de um trabalho em detrimento a outro sem cometer injustiça.
O volume de trabalhos enviados, 619 no total, foi um dos apontamentos que a maioria dos entrevistados ressaltou com surpresa. Para a professora Carmem Aranha, curadora e jurada da categoria artes visuais, o volume de trabalhos foi avassalador.

“No começo a quantidade foi uma coisa avassaladora e os nossos critérios foram ficando mais claros à medida que nós fomos segregando as linguagens”, explica.

Artes Visuais recebeu cerca de 180 trabalhos e após uma seleção prévia, o professor João Luiz Musa propôs aos outros jurados um encontro com os artistas finalistas e seus trabalhos e a partir dessa conversa uma nova seleção foi feita para chegar aos premiados.

“O Nascente assim, tem também o compromisso em proporcionar a experiência artística na divulgação da obra de arte curando e pensando a sua interação com o espaço e com outras obras e como meio de formação”, explica Musa com relação as especificidades do programa nascente.

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Para a área de Artes Cênicas os jurados ressaltam que o julgamento envolve categorias bastante distintas para o processo de avaliação e foi necessário desenvolver uma estratégia para julgar essa complexidade.

“Antes de definir o vencedor é importante destacar que o prêmio do Programa Nascente estimula a participação dos estudantes a desenvolverem uma experiência artística. Os critérios artísticos não são 100% objetivos e isso dá a oportunidade de olharmos como o trabalho nos sensibilizou ao percebermos que tem algo que é anterior a avaliação, é saber como aquilo chegou a nós”, explica a professora Bete Dorgam, jurada de artes cênicas.

O professor Felisberto Sabino da Costa, também jurado da categoria, completa. “É importante ressaltar que já havia visto os três trabalhos no início da produção e desse tempo para cá percebemos uma grande evolução”.

Qualidade estética, originalidade, enredo e repertório cultural foram alguns dos critérios utilizados pelos jurados da categoria Texto para julgar os mais de 320 trabalhos recebidos.

“Notamos que tem de fato gente muito boa e valeria a pena que muitos desses trabalhos fossem publicados”, realça o professor Jean Pierre Chauvin, jurado da categoria.

Na ocasião da reportagem os jurados de Audiovisual e Design já haviam julgado os trabalhos participantes. A seleção dos premiados de Música Erudita e Música Popular foram feitas durante a festa de premiação.

O Fomento na Universidade

O trabalho artístico requer esforço e dedicação para alcançar os objetivos planejados, mas nem sempre esses critérios são suficientes para contemplar um bom trabalho com os louros merecidos.

Programa Nascente Festa de Premiação - Créditos Camila Previato

Professor Marcelo de Andrade Roméro destaca o papel que o Programa Nascente desempenha no ambiente universitário

Uma das premissas da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP é mobilizar alunos da comunidade para novas formas de manifestações artísticas e culturais e nesse contexto o Programa Nascente entra como importante incentivador da produção artística universitária.

Durante a exibição dos trabalhos de texto, conversamos com Willy Carvalho de Oliveira, aluno de pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão preto (FFCLRP), que sonha em ser escritor.

“Eu tenho o sonho de ser escritor, publicar poesia, fantasia, contos de terror. Às vezes chegamos à conclusão que as pessoas não leem livros, mas saraus como este estimulam a mudarmos essa visão. Uso muitas referências em meus textos e é interessante quando as pessoas captam isso”, relata.

Oliveira exalta a necessidade de não ficar preso as amarras do texto acadêmico no processo de criação.

“Quando chegamos na universidade ficamos muito presos no pensamento acadêmico, mas existe um discurso que é meu, que faz sentido para mim e um movimento artístico como esse não deixa se perder esse artista que existe dentro de cada um”.

Programa Nascente - Festa de Premiação - Créditos-Camila Previato

Vencedores na categoria Artes Cênicas pela peça (.Dentro) recebem o prêmio do professor Felisberto Sabino da Costa.

Wesley Rocha, um dos finalistas por Artes Cênicas, ressalta a importância de iniciativas como esta para os alunos.

“O Nascente permite a nós apresentarmos o que fazemos fora da universidade e essa experiência com o público e com o trabalho de produção da peça é importante, uma vez que você tem uma experiência quase real de como será quando sair da graduação”.

Giulia Castro, que também concorreu por Artes Cênicas completa:

“Esse projeto é muito interessante porque é uma oportunidade para os estudantes da USP compartilharem com outros públicos o trabalho desenvolvido na universidade. Ainda mais se falarmos do teatro independente, onde mesmo fora da universidade, é difícil ter uma oportunidade de colocar o projeto no mundo. É uma chance de sair um pouco da caixinha”.

Ranny Cabrera, aluna de letras, participou pela primeira vez do programa.

“Eu não sabia que existia o programa Nascente, creio que dessa vez houve uma divulgação maior. Eu já escrevia, mas é a primeira vez que participo. Acho o programa importante, ele incentiva a escrita criativa. Eu ainda não tinha feito o texto, fiz depois que vi o edital.”

Programa Nascente Festa-de-Premiação_Créditos-Camila-Previato

Sidnei Xavier dos Santos e Ranny Cabrera recebem do professor Emerson Inácio o prêmio na categoria Texto.

A estudante fala da importância de programas como esse.

“Acho importante que esses programas de fomento existam. O Nascente, em especial, nos coloca em contato com outros alunos que nem sabíamos que escreviam e possibilita a troca de ideias, além de haver o incentivo aos estudantes com a premiação, que não deixa de ser importante”, completa.

Entrevistamos Cabrera durante o Sarau Nascente no dia 14 de setembro. Ela produziu o texto Aporismos, que foi um dos contemplados na Festa de Premiação, realizada no dia seguinte.

O professor Wagner Cintra, jurado de Artes Cênicas revela que participou da primeira edição do Nascente como estudante.

“Eu participei como aluno da primeira edição (1991) e iniciativas como esta são muito importantes, ainda mais naquela época que não haviam programas de fomento, fazendo do Nascente uma referência”.

A professora Lucilene Cury, coordenadora acadêmica do programa, realça a excelência dos trabalhos e os possíveis desdobramentos.

“Essa edição representa um pouco da excelência dos trabalhos produzidos. Vimos muitas coisas boas e pretendemos possibilitar que os vencedores se apresentem em novos eventos.”

Apesar de a maioria dos participantes do Nascente ser de alunos de cursos relacionados às artes, em especial os oferecidos na ECA, FAU e FFLCH, todos os anos diversos inscritos surpreendem por sua origem acadêmica improvável.

Programa Nascente - Festa de Premiação - Créditos Camila-Previato.

O aluno do IME, Daniel Cukier cativa o público com a Valsa do Empreendedor.

Neste ano, por exemplo, destacaram-se os alunos Daniel Cukier, finalista da área de música que se apresentou com a Valsa do Empreendedor e cativou a plateia na festa de premiação e Filipe Albuquerque Russo, menção honrosa na categoria texto com o trabalho Asfixia, ambos estudantes do Instituto de Matemática e Estatística (IME).

Além deles, outros inscritos vieram das áreas de exatas, biológicas ou até mesmo cursos de humanas não ligados às artes, como História e Pedagogia, o que reforça o caráter aberto do Programa.

Confira os vencedores da 24ª Edição do Programa Nascente

ARTES CÊNICAS
Maíra do Nascimento Azevedo (.Dentro)

ARTES VISUAIS
Alan Oju (Janelas)
Renato Pera (Mostruário São Paulo)

AUDIOVISUAL
Bárbara Framil (Anomalia)
Francisco Miguez (Apito do Apito)

DESIGN
Erika Tracy Huang, Marcus Vinicius Morgado, Michelle Nakazato Mikaro e Rafael Jun Abe (Elorgân)
Agnes Aragaki Svilenov, Kaori Anraku, Nadia Naomi Sato (Entre Ruas)

MÚSICA ERUDITA
Carlos Vogt (L’isle Joyeuse – C. Debussy)
Patricia Pérez Brito (Sequenza IXa para clarinete solo de Luciano Berio)

MÚSICA POPULAR
Vinicius Faina Alves e Camila Mendes Montefusco (A Alma Feminina em Chico Buarque)

TEXTO
Ranny Cabrera (Aporismos)
Sidnei Xavier dos Santos (Adão desdenha o paraíso)

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